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‘The Poet´s Death’ é o quinto disco de Mazgani – e aquele onde o músico parece ter chegado ao ponto de maturação perfeito
Que Shahryar Mazgani é um dos mais talentosos escritores de canções da música portuguesa ninguém tem dúvidas. Têm-o provado ao longo ao longo da última década, desde que se deu a conhecer, em 2007, com o álbum de estreia Song of the New Heart, a comprovar o vaticínio feito dois anos antes, pela revista francesa Les Inrockuptibles, na qual foi eleito, entre cerca de sete mil candidatos, um dos melhores projetos musicais da Europa.
Nascido na Pérsia há 42 anos, veio para Portugal com os pais, em fuga da revolução islâmica que haveria de mudar o nome do seu país natal para Irão. Durante a juventude, em Setúbal, onde a família se radicou, começou a ouvir vozes como as de Tom Waits, Nick Cave ou Leonard Cohen, que acabariam por influenciar para sempre o rumo da sua vida – basta ouvir os seus discos, qualquer um deles, para o perceber. “Autores com uma identidade muito própria e uma obra não geracional”, como então, meses antes de lançar esse primeiro trabalho, explicava em entrevista à VISÃO, quase prevendo o seu próprio trajeto artístico. E, olhando agora para trás, até parece que todo esse percurso tinha apenas um único destino, chegar ao ponto de maturação perfeito exibido no novo disco The Poet’s Death, o quinto em nome próprio. Mal se ouve a faixa de abertura, que dá nome ao álbum, percebe-se que há neste trabalho uma urgência e uma força novas.
Poder-se-ia dizer que Mazgani está mais rock, mas isso seria apenas redutor, pois o rock sempre foi uma presença constante na sua música. Inédito é talvez este equilíbrio perfeito, entre o rock and roll que lhe corre nas veias e o talento para escrever canções perfeitas, entre a luz e a escuridão, entre desencanto e esperança. Até seria caso para dizer, mais uma vez, tratar-se do ponto mais alto da carreira de Mazgani, mas ainda é muito cedo para isso, como o próprio se tem encarregado de provar, em cada disco que faz.
Ouça aqui The Poet´s Death, música que dá título ao novo disco de Mazgani