O primeiro disco com a marca dos Rolling Stones foi um single lançado há mais de meio século: Come On (uma canção de Chuck Berry), de 1963. E já aí se percebia que os blues do outro lado do Atlântico estavam bem inscritos no ADN daquela banda inglesa que contribuía para o nascimento em força do rock’n’roll. Mas era impossível prever que, em 2016, eles ainda andariam por aqui… decididos a fazer um clássico disco de blues, ainda cheios de ganas. Blue & Lonesome é exatamente isso. A capa, simples, tão retro como intemporal, recuperando o mais célebre conjunto de lábios e língua do mundo (aqui em tons de azul), prepara-nos para um disco sem artifícios nem rodriguinhos. São 12 temas do repertório clássicos dos blues, registados em três dias de sessões nos excelentes estúdios de Mark Knopfler em Londres (British Grove Studios), com a banda a tocar em conjunto (ou seja: no estúdio como se fosse ao vivo). O produtor do disco, Don Was, fala de uma espécie de “telepatia sem palavras” para definir o modo único como Mick, Keith, Charlie e Ron tocam juntos. Há mais músicos envolvidos no disco, entre eles um muito especial, que andava por ali perto e não resistiu ao encanto simples de um disco de blues tocados pelos Stones: Eric Clapton (que pode ouvir-se em Everybody Knows About My Good Thing e I Can’t Quit You Baby).
Também na prateleira das novidades está outro disco com a língua (aqui mais discreta) dos Stones. Havana Moon é o registo, em dois CD e um DVD, do primeiro concerto da banda em Cuba, a 25 de março deste ano, na Ciudad Deportiva de Havana. A iniciativa do concerto partiu dos próprios músicos e aproveitou a boleia de um outro evento histórico: aconteceu poucos dias depois da visita do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à ilha revolucionária. “Finalmente os tempos estão a mudar aqui, não?”, perguntou Mick Jagger a um público de mais de um milhão de cubanos. E ninguém podia saber, ainda, que estavam ali, também, no histórico ano da morte de Fidel Castro.
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