Até 1991, era a Dona Helena quem tomava conta da pensão da Rua Dr. Pádua, com muito boa reputação. Depois da sua morte, nesse ano, ninguém mais lhe pegou e a casa, com mil metros quadrados, caiu em ruína. Só em 2019, este edifício histórico de Olhão, do século XIX, seria salvo pelo casal de franceses Jack e Walter – conheceram-se, imagine-se, no festival de marisco que acontece todos os anos em agosto (há muitos souvenirs deste certame pela casa).
Depois, apesar de continuarem a viver os dois em Paris, meteram mãos à obra para a reabilitar para um turismo de habitação com 10 quartos. Só há dois anos abandonaram a capital francesa para passarem a viver na terra em que se apaixonaram e gerirem este alojamento, aberto em março. Será por isso que a casa se chama Amor? “Não é um nome fantástico?”, questiona, sem responder, Jack, o nosso anfitrião.
Walter está mais arredado dos hóspedes, porque entretanto tirou um curso de pastelaria e encarrega-se das delícias que se comem por aqui: desde as madalenas, que são servidas no quarto, à pastelaria que há na coffee shop de porta aberta para a rua ou no pequeno-almoço especial, de cariz caseiro. O restaurante também há de servir para passantes, mas só em caso de residências culinárias, com chefes convidados a fazerem aqui algumas experiências.
Ainda cheira a novo nos três andares deste recente boutique hotel. Existem vários recantos que nos envolvem em indiscutível bom gosto e nos puxam para o desligamento quase total, apenas concentrados nos pormenores que garantem o respeito pela originalidade da arquitetura, das paredes caiadas às abóbadas ou às pedras ocre, típicas da região.
Um dos pontos irresistíveis da Casa Amor é a sua açoteia, o local onde antes se secavam os polvos. Hoje, existe aqui uma pequena piscina de água salgada, perfeita para refrescar do calor do verão. Dentro de água, dá para apreciar o recortado árabe, muito evidente nesta cidade algarvia, a que se chama de capital do cubismo: um mar branco, sem telhados, pintalgado de chaminés de balão e mirantes. Podemos até dizer, sem mentir, que o cenário em tudo se assemelha a uma terra do Norte de África, que fica já ali, no final do oceano que conseguimos avistar desde o ponto mais alto do terraço.
Casa Amor > R. Dr. Pádua, 24 A > T. 91 066 9436 > a partir de €127,50 > coffe shop > ter-sáb 9h-15h
Aqui à volta
Mercado de Olhão Dois edifícios gémeos, um de peixe e marisco e o outro de fruta e legumes, qual deles o melhor. Av. 5 de Outubro > seg-sáb 7h-14h
Marina com Noélia O novo spot da chefe Noélia Jerónimo, aberto neste verão em Olhão, com uma ementa diferente da que nos habituou em Cabanas de Tavira. Real Marina Hotel & Spa, Av. 5 de Outubro > T. 91 330 8129 > seg-dom 19h-23h
Ilhas É daqui que partem os barcos que navegam na ria Formosa e nos levam até às ilhas com praias paradisíacas, como a Deserta, Culatra ou Armona.
Associação República 14 Aproveite-se esta agenda cultural, que está preenchida por exposições, concertos e cinema ao ar livre, além de atividades mais regulares como ioga ou capoeira. Av. da República, 14 > ter 16h-20h30, qua 10h-20h30, qua-dom 16h-20h30