Eis-nos em setembro, mês que traz consigo a alegria das vindimas e a tristeza da despedida do verão. A propósito do fim do verão, justifica-se mais uma referência aos rosés, os quais, à parte a sua cor característica, mais ou menos rosada, são vinhos como os outros: leves, secos e frescos, uns; com volume, estrutura e complexidade assinaláveis, outros; aptos a cumprirem a função para que foram criados, todos eles, seja como bebida refrescante seja como bom parceiro da comida – ou de certas comidas, o que é comum, de resto, à generalidade dos vinhos. Mas o preconceito subsiste e não falta quem ainda associe os vinhos apenas ao verão, ao fresco da esplanada, ao sabor do petisco ou à refeição ligeira.
A verdade é que existe, hoje, em Portugal, uma variedade imensa de rosés de todas as regiões e com assinatura dos mais reputados enólogos. Vinhos para os bons momentos à comida e à bebida, como os que a seguir apresentamos. A Quinta de Soalheiro, grande produtora de Alvarinho com marcas conceituadíssimas no mercado, lançou um rosé que só não foi surpresa total porque toda a gente reconhece o seu espírito inovador. E fê-lo de acordo com o projeto de produzir “vinhos para beber com prazer”, baseados “na qualidade e na tendência para apreciar vinhos com um álcool mais moderado”. Ora, este Soalheiro Mineral Rosé “consegue ter persistência, devido ao Pinot Noir, e elegância, devido ao Alvarinho com um álcool moderado”, e está aí para demonstrá-lo.
Com a chancela da Casa Ferreirinha, o Vinha Grande Rosé 2020 vem na linha das edições anteriores, com a cor suave, o aroma fino, a frescura transbordante sem, todavia, perturbar o seu equilíbrio. Só de uvas da casta Touriga-Nacional produzidas em conformidade com as diretrizes de Produção Integrada de Agricultura Sustentável, sem glúten, adequado para vegetarianos e para vegans. Um vinho versátil, muito amigo da mesa. Criado em terras da Vidigueira, no Alentejo, o Quinta do Paral Rosé 2020 é um monovarietal intenso em todos os seus elementos, da cor aos aromas e aos sabores, decididamente vocacionado para a mesa. Com o seu caráter vincado, provavelmente reflexo da adaptação da casta Syrah ao terroir da Vidigueira, não é vinho de subtilezas nem de modas, mas impressiona.
Soalheiro Mineral Monção e Melgaço Rosé 2020
Lote das castas Alvarinho (70%) e Pinot Noir (30%), ambas produzidas na região dos Vinhos Verdes e sub-região de Monção e Melgaço, tem cor levemente rosada, aroma limpo e fresco com notas de flores e de frutos vermelhos muito bem afinadas, paladar cheio e guloso com mineralidade e frescura aliciantes. Insinua-se para beber sozinho, para aperitivo ou para acompanhar pratos leves. €12
Casa Ferreirinha Vinha Grande Douro Rosé 2020
Cem por cento Touriga–Nacional, com origem em viticultura sustentável. Apresenta cor rosa-pálida, muito atraente, aroma pouco exuberante, mas muito fino, com boas notas de frutos vermelhos e um delicado toque floral, paladar com volume, sabor, frescura e grande harmonia. Apetece bebê-lo sozinho ou como aperitivo, mas vai bem com a comida, desde que não seja pesada. €8,99
Quinta do Paral Vidigueira Rosé 2020
Exclusivamente da casta Syrah. Cor forte salmão-escura, aroma intenso com predomínio dos frutos vermelhos do tipo amora, framboesa e morango, paladar encorpado com a fruta a dizer mais uma vez presente de forma quase ostensiva, e com assinalável frescura que equilibra a força do álcool (13% vol). O seu lugar é à mesa, por exemplo, com grelhados. €8,80