Visão | Muito Bey: Beirute à mesa

Muito Bey: Beirute à mesa

Na ementa do Muito Bey, o novo restaurante libanês do Cais do Sodré, o pão, as lentilhas, a romã e o grão unem-se aos sabores bem portugueses do bacalhau e do polvo

jc restaurante libanes 20161103_0009.JPG — “A ideia foi trazer para Lisboa a muito elogiada comida de Beirute”, explica Ezzat Ellaz
José Caria

O pão manuché, caseiro e achatado, chega à mesa ainda a fumegar. Pode escolher-se que venha polvilhado com tomilho (zaatar) ou, em vez disso, com iogurte cremoso coado (labné) por cima. De uma maneira ou de outra, será o melhor início de refeição no novo restaurante Muito Bey, especializado em cozinha libanesa, aberto há três semanas no Cais do Sodré, em Lisboa. Mais do que um complemento, o pão substitui muitas vezes os talheres por aqui. “A gastronomia libanesa é simples, saudável e adapta-se bem aos diversos paladares. O mais importante é partilhar”, descreve o proprietário Ezzat Ellaz, nascido em Beirute há 32 anos e residente em Lisboa desde outubro do ano passado.

“A ideia foi trazer para Lisboa a muito elogiada comida de Beirute, ligando as duas cidades em duas palavras: Muito Bey é muito parecido com a expressão portuguesa ‘muito bem’ e bey é a abreviatura de Beirute e acrónimo do aeroporto de Beirute”, explica Ezzat Ellaz, formado em hotelaria e especializado em consultoria gastronómica. Para o ajudar a criar a ementa agora executada pelo chefe argelino Mokrane Kahlal, o libanês contou com a ajuda da consultora Barbara Massaad, apresentadora de televisão, fotógrafa e autora de vários livros de culinária.

Entre os ingredientes mais usados, destaca- -se o grão, que pode ser degustado no mezze frio (equivalente a uma tapa ou petisco em termos de porção) de húmus (€6,50), a pasta com tahini (sementes de gergelim). Também a lentilha é frequente nos pratos do Muito Bey – encontramo- -la, por exemplo, na sopa chorbite adasse (€3,50), feita com legumes e verdes da época. Já a romã, a fruta mais popular na ementa, pode provar-se, em molho, no mezze quente saudit djej (€7,50), feito com fígado de galinha.

A refeição pode prosseguir com um tabulé feito com salsa picada com bulgur, tomate, cebola e hortelã fresca (€5,50), um flaiflé hamra, com pimentão vermelho assado e queijo de cabra (€6,50) ou um arretabute, uma salada de polvo com batatas, azeitonas e molho de laranja (€5,50). Para sobremesa, o reze bi halib, um crocante mil-folhas de arroz-doce aromatizado com água de flor de laranjeira, já se está a revelar o mais pedido da ementa. No final, vale a pena deixar-se ficar e saborear um dos oito cocktails da carta, como o Red Beirut, que leva vodka, morango, lima, canela e malagueta (€8). Sahtein, então, bom apetite.

São dois os menus disponíveis no Muito Bey: um pensado para a hora de almoço, que inclui uma sopa, dois mezzes e um prato grelhado, entre outras opções (€13,50); e outro de degustação, apenas servido ao jantar, com 12 a 15 pratos (€49, duas pessoas).