MÚSICA
1.Zambujo canta Jobim
A voz do alentejano António Zambujo parece talhada para interpretar canções no ritmo dolente da bossa nova. Não surpreende, pois, que neste concerto especial, em duas noites, ele se dedique integralmente ao cancioneiro de Tom Jobim, acompanhado por músicos do Hot Club de Portugal (e com direção musical de Pedro Moreira). Só há um senão: os bilhetes já se esgotaram, agora só contando com desistências de última hora ou aguardando por novas datas… Tivoli BBVA, Lisboa > 23-24 set, seg-ter 21h > €20 a €40
2. Kim Wilde
Vai haver muita nostalgia à solta nestes concertos, isso é certo. Aliás, o que está marcado para Braga integra-se na noite Summer End 2024, em registo assumidamente revivalista, que até inclui um tributo à música de Elton John. Afinal, foi no longínquo ano de 1981 que esta inglesa conquistou o mundo com o single Kids of America. Muitos outros hits se seguiram na carreira de Kim Wilde: Cambodia, Chequered Love, You Keep Me Hangin’ On… Aos 63 anos, em digressão pelo mundo (com final marcado para novembro de 2025!), está em boa forma para os revisitar todos. Sagres Campo Pequeno > 27 set, sex 21h30 > €40 a €70 > Fórum Braga > 28 set, sáb 21h > €25-€45 (concerto integrado no evento Summer End 2024)
3. Nick Cave & The Bad Seeds
O músico australiano já é um habitué dos palcos nacionais – e tem em Portugal uma fiel legião de fãs. A sua última apresentação por cá foi em 2022, no festival MEO Kalorama. Agora chega com um álbum novo na bagagem à maior sala de concertos do País. Wild God foi editado no penúltimo dia de agosto e marca o regresso às gravações com os Bad Seeds (o último álbum, Ghosteen, era de 2019), mantendo a presença de Warren Ellis como grande cúmplice, na composição e na produção das novas canções. Na primeira parte tocam os irlandeses The Murder Capital (que se estrearam em Portugal com um excelente concerto no festival Vodafone Paredes de Coura em 2022). MEO Arena, Lisboa > 27 out, dom 20h45 > €40 a €75
4. Fontaines D.C.
Estes irlandeses passaram muito rapidamente de next big thing a candidatos a “maior banda do mundo” (o que até pode ser mais uma espécie de maldição do que motivo de entusiasmo…). O seu muito aguardado quarto álbum, Romance, saiu a 23 de agosto e, apesar de ter dividido opiniões, colocou-os num novo patamar de reconhecimento internacional. Este concerto em nome próprio, no Campo Pequeno, acontece escassos meses depois do apoteótico encerramento da edição deste ano do festival Vodafone Paredes de Coura. Na primeira parte atuam os ingleses Wunderhorse. Sagres Campo Pequeno, Lisboa > 1 nov, sex 20h30 > €25 a €36
5. Pedro Abrunhosa – Viagens 3.0
Cumpre-se em 2024 o trigésimo aniversário de um disco que ficou para a história da música popular portuguesa: Viagens, de Pedro Abrunhosa & os Bandemónio. De um dia para o outro, o seu autor tornou-se uma estrela nacional – misteriosa, com os olhos sempre escondidos atrás de uns obrigatórios óculos escuros. Este é, pois, um ano de celebrações que Abrunhosa assinala com um concerto especial no Porto e em Lisboa. Temas que hoje são clássicos, como Não Posso Mais, É Preciso Ter Calma ou Socorro, vão, certamente, ser cantados a muitas vozes. Super Bock Arena, Porto > 7-8 e 10 nov, qui-sex e dom 21h30 > €25 a €65 > Meo Arena, Lisboa > 23 nov, sáb 21h30 > €25 a €65
6. Lena d’Água
O renascimento da sua carreira, com o álbum Desalmadamente, em 2019, composto por canções novas de Pedro da Silva Martins, foi um sucesso – e todos percebemos que tínhamos muitas saudades daquela inconfundível voz fresca. Nesta rentrée há disco novo de Lena d’Água, Tropical Glaciar, outra vez com a assinatura do fundador dos Deolinda, e o concerto de apresentação, com a banda de luxo que agora acompanha a cantora, vai acontecer no Teatro São Luiz, em Lisboa. São Luiz Teatro Municipal, Lisboa > 12 nov, ter 20h > €9 a €17
7. David Fonseca – Still 25
De um artista irrequieto, sempre a desafiar-se com ideias novas, e multidisciplinar como David Fonseca não seria de esperar uma forma convencional de celebrar 25 anos de carreira em palco. Estes espetáculos, que recuam ao momento em que o sucesso dos Silence 4 mudou a sua vida, tiveram uma longa preparação e adivinham-se cheios de surpresas. No seu site, o músico de Leiria anuncia que nos palcos dos Coliseus vai cruzar “música, performance e cinema”, partilhando as histórias por detrás de cada canção “através de imagens, palavras e momentos multimédia.” Coliseu do Porto > 15 nov, sex 21h30 > €15 a €40 > Coliseu dos Recreios, Lisboa > 16-17 nov, sáb-dom 21h30 > €15 a €40
8. O Terno
Com aquela sua melancolia colorida com sotaque tropical, o brasileiro Tim Bernardes construiu uma relação especial com o público português nos últimos anos. E isso explica que os concertos de despedida da sua banda O Terno (que entra, este ano, oficialmente, em pausa “por tempo indeterminado”) aconteçam em Lisboa e no Porto. “Fechamos assim um ciclo muito bonito que começámos na adolescência e que atravessou todas as descobertas da juventude e da maturidade, transformando isso em música”, anunciaram em comunicado. Coliseu dos Recreios, Lisboa > 18 nov, seg 21h30 > €12,50 a €35 > Coliseu do Porto > 21 nov, qui 21h30 > €30
TEATRO E DANÇA
9. “Homens Hediondos”
A encenadora Patrícia Portela convocou Nuno Cardoso, diretor artístico do Teatro Nacional São João, para regressar à interpretação com este monólogo, que parte de um livro do escritor norte-americano David Foster Wallace. Um desfile de personagens masculinas pouco recomendáveis (o deprimido, o grande amante, o porco, o que sabe tudo, o ressabiado, o misógino, o injustiçado, a eterna vítima, o brutamontes…) percorre o palco, para breves entrevistas reveladoras, confrontando-se o público com a sua tolerância perante certos comportamentos e relações de poder. Serão estes homens “hediondos” ou pessoas banais com quem nos cruzamos todos os dias? Teatro Carlos Alberto > R. das Oliveiras, 43, Porto > T. 22 340 1910 > até 14 set, sex 21h, sáb 19h e 21h > €10
10. “Telhados de Vidro”
Aquela que é uma das peças mais bem-sucedidas do dramaturgo britânico David Hare, estreada em 1995, chega agora ao Teatro da Trindade, encenada por Marco Medeiros, com um elenco formado pelos atores Diogo Infante, Benedita Pereira e Tomás Taborda. Um drama contemporâneo sobre poder, política e paixão, à volta de relações mal resolvidas. Clara, uma jovem professora, é visitada inesperadamente no seu modesto apartamento num subúrbio da capital por Tomás, um carismático empresário de meia-idade, com quem em tempos manteve um caso (entretanto, ficou viúvo), terminado abruptamente. Naquela noite, dissecam a relação e as respetivas ideologias. Teatro da Trindade INATEL > R. Nova da Trindade, 9, Lisboa > T. 21 342 3200 > 12 set-17 nov, qua-sáb 21h, dom 16h > €10 a €20
11. Monóculo, Retrato de S. von Harden
O ator Cristóvão Campos surge irreconhecível no papel da jornalista S. von Harden, ícone da mulher emancipada nos anos 20 do século passado, retratada pelo pintor expressionista Otto Dix em Berlim. Durante as sessões no atelier, Harden “descreve o meio artístico da época, as relações tumultuosas entre os sexos e a sua vontade de transgredir normas e explorar outros modos de relacionamento e de vida em sociedade”. As fronteiras da identidade e do género social são questionadas nesta peça de Stéphane Ghislain Roussel, que conta com encenação de Rui Neto. Teatro Aberto > Pç. de Espanha, Lisboa > T. 21 388 0089 > 11 set-3 nov, qui 19h, sex-sáb 21h, dom 16h > €17
12. Na solidão dos campos de algodão
O Teatro GRIOT leva à cena a obra-prima de Bernard-Marie Koltès, um dos dramaturgos mais significativos da segunda metade do século XX. Tudo roda à volta de quatro homens (os atores Daniel Martinho, Gio Lourenço, Hugo Narciso e Pedro Hossi) sobre os quais pouco se sabe. Alternam no papel de dealer e de cliente, “digladiam-se violentamente numa arena de diálogo e morte”. Com encenação de Zia Soares, este “é um combate físico, mas também interno e dialético, onde as palavras ultrapassam-se e são ultrapassadas”. Teatro Ibérico > R. de Xabregas, 54, Lisboa > T. 21 868 2531 > 18-21, 27-28 set 21h, 22 e 29 set 17h > €10
13. In C
A peça da coreógrafa alemã Sasha Waltz, um dos nomes mais sonantes da dança contemporânea, foi concebida durante o isolamento provocado pela pandemia, quando todas as salas de espetáculo foram obrigadas a estar encerradas. Inspirada na composição de Terry Riley In C (1964), a primeira de música minimalista europeia, tem um sistema experimental de 53 frases de movimento, ao qual os bailarinos obedecem, tendo liberdade para improvisar dentro destas regras. “Quando a música começa, ouvimos uma batida clara, como um batimento cardíaco que conecta performers e público. E essa é uma das principais mensagens deste espetáculo: In C conecta-nos a todos”, defende Sasha Waltz. Centro Cultural Vila Flor > Av. D. Afonso Henriques, 701, Guimarães > T. 253 424 700 > 5 out, sáb 21h30 > €15 > Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2400 > 10-11 out, qui-sex 21h
14. Ruído
A nova criação da dupla de coreógrafos Sofia Dias & Vítor Roriz (a colaborar desde 2006) surgiu de uma residência de dois anos na Fundação Champalimaud, em Lisboa, onde prosseguiram a sua habitual pesquisa interdisciplinar, desta vez em colaboração com os investigadores do Champalimaud Center for the Unknown. O título da peça vem do conceito de ruído, “que no campo da neurociência adquiriu uma aura de mistério pela sua omnipresença no funcionamento neural e também pela dificuldade em ser explicado”. Culturgest > R. Arco do Cego, 50, Lisboa > T. 21 790 5155 > 10-12 out, qui-sex 21h, sáb 19h > €14
15. Urgência Climática
As mudanças climáticas e os desastres naturais que estas provocam um pouco por todo o mundo estão na base do espetáculo, em estreia, da companhia Hotel Europa. Os criadores André Amálio e Tereza Havlíčková voltam ao teatro documental e convocam para o palco cinco jovens ativistas ambientais que têm exigido novas políticas governamentais, que revertam a nossa relação com o planeta. O público ficará a conhecer as suas histórias pessoais, as suas motivações e os seus sonhos. São Luiz Teatro Municipal > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > 22-27 out, ter-sáb 20h, dom 17h30 > €12 a €15
16. Weathering
Faye Driscoll, aclamada performer norte-americana, regressa ao Porto com um espetáculo que volta a levar os intérpretes e o público ao limite, numa jornada turbulenta. Weathering, estreado em 2023, em Nova Iorque, é definido como uma “escultura de carne multissensorial feita de corpos, sons, cheiros, líquidos e objetos”. Um tableau vivant, instalado num minúsculo palco móvel, semelhante a uma jangada, a que se agarram desesperadamente dez artistas, em emaranhados micromovimentos. “Como sentimos o impacto de acontecimentos que nos atravessam e são muito maiores?”, questiona Driscoll. Teatro Municipal Rivoli > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 2201 > 8-9 nov, sex-sáb 19h30 > €9