Desde que abriu, em 2005, o Bairro Alto Hotel coleciona prémios e mais prémios. Entre eles, o de quarto melhor terraço de hotel do mundo
Parece – e se calhar é mesmo – uma contradição nos termos. O Bairro Alto Hotel é pouco daquilo a que habitualmente se chama “à grande e à francesa”. Até é mais, passe-se o inglês, small is beautiful, que bonitas que são as coisas pequenas, como o toucador a fazer de secretária, o móvel da casa de banho com o lavatório encarcerado, os pássaros pintados à mão nas paredes dos quartos. Mas, depois, vamos à janela – e é a Igreja do Loreto que está logo ali (um pouco mais daquele azul), o Largo de Camões (tivemos sorte e, como ainda era tempo de Santos Populares, vimos a marcha do Bairro Alto a atuar), o Chiado. E, afinal, o “em ponto pequeno” converte- -se em majestoso, não estilo Luís XIV, antes estilo charme discreto de uma velha cidade europeia.
No piso térreo do Bairro Alto Hotel fica o Flores do Bairro, liderado pelo chefe Bruno Rocha. A nova carta do restaurante tem como base os produtos nacionais e integra pratos como meia-desfeita de bacalhau com grão-de-bico
Em tempos, chegou a ser Grand Hotel de L’Europe. Hoje, é Bairro Alto Hotel, prémios e listas de melhor hotel da Europa, de melhor boutique hotel do mundo. O projeto de ampliação é conhecido e as obras já estão a decorrer. Devem estar concluídas no primeiro semestre de 2018, 13 anos depois da abertura do hotel que, nessa altura, terá mais 32 quartos (são 55, atualmente), mais áreas comuns e um novo restaurante no quinto piso. Queira Deus (Deus e o arquiteto Eduardo Souto Moura, na verdade) que continuem a haver ainda mais cantos e cantinhos, salas e salinhas, para forrar com papéis de parede, decorar com sofazinhos e banquetas. Em suma, que a extensão a todo o quarteirão não torne o Bairro Alto Hotel num hotel grand.
Também será boa notícia se o terraço, virado a sul e aberto a todos de manhã à noite, continue a ser como é, um dos mais charmosos da cidade (mais prémios: quarto melhor terraço de hotel do mundo). Do terraço, mesas e cadeiras de vime, mais os sofás a toda a volta, vê-se a Outra Margem, o Tejo e tudo. Baixando os olhos, também se vê o casario à volta do Largo Barão de Quintela e da Rua das Flores, tudo em ponto pequeno, velho e novo, degradado e recuperado, sem monumentalidades nem grandes luxos. Que bonitas que são as coisas pequenas e triviais, como esta Lisboa que amanhece muito antes de os tuk tuks aqui chegarem.
Bairro Alto Hotel > Pç. Luís de Camões, 2, Lisboa > T. 21 340 8288 > a partir de €250/noite (quarto duplo superior)
