Um grande jornalista de vinhos português partiu.
Ainda hoje, lembro-me de José Salvador junto do meu pai, Fernando Nicolau de Almeida, cheio de curiosidade, admiração e humildade, tentando perceber o mistério da qualidade do vinho.
Ao longo da minha vida sempre mantivemos o contacto com ele. Quero acreditar que José Salvador tinha um carinho especial pelo meu trabalho e não eram raras as vezes em que me pedia para lhe esclarecer dúvidas sobre o Douro, entusiasmando-me e, ao mesmo tempo, obrigando-me a refletir.
Era um grande conhecedor dos vinhos portugueses, no entanto, ao falar do Douro retraía-se porque, para ele, era uma região complexa, um desafio! “Quanto mais lá vou menos percebo disto! Então como é isto? Como é aquilo?” Estas suas reações eram normais, dado o mistério que envolve o Douro vinhateiro. Sempre tentei transmitir-lhe que eu próprio tinha as minhas grandes dúvidas!
José Salvador sempre descreveu o Douro como uma região misteriosa, espiritual, bíblica. Escreveu vários livros deixando, assim, um legado importantíssimo para as gerações vindouras.
Na verdade, José Salvador era curioso, simples e amigo do seu amigo. Posso dizer que já sinto saudades suas e que me custa vê-lo partir, confortando-me com as suas memórias e a nossa amizade.
Até à próxima, meu caro amigo José Salvador.
Porto, 03 de Fevereiro 2016
João Nicolau de Almeida