Há, até ao momento, confirmação de seis infetados com o vírus Nipah – tendo sido registadas duas mortes, incluindo uma criança – e quase 1000 casos de contactos de risco que obrigam a vigilância. Os casos deste vírus mortal estão a aumentar no estado de Kerala, sul da Índia, e a preocupar as autoridades locais, que já obrigaram ao encerramento de escritórios, escolas e transportes públicos.
O governo local mandou ainda demarcar e isolar uma grande área de contenção no distrito de Kozhikode, e está a tentar localizar e isolar quem esteve em contacto com pessoas infectadas.
Na última semana, o ministro da saúde da Índia, Mansukh Mandaviya, informou que tinha sido enviada uma equipa de especialistas a Kerala para avaliar a situação e a ministra da Saúde do Estado, Veena George, afirmou que os resultados das análises mostraram que a variante do vírus do surto atual era a mesma que tinha sido anteriormente detetada no Bangladesh.
Desde maio de 2018, quando 17 pessoas morreram após serem infetadas, que este estado indiano tem registado surtos intervalados deste vírus zoonótico – este é o quarto – identificado na Malásia pela primeira vez, em 1998, aponta a OMS, quando provocou um surto de encefalite, uma inflamação do cérebro, entre criadores de porcos. Na altura, foram detetados 265 casos em humanos e 105 mortes.
Entretanto, descobriu-se que os morcegos que se alimentam tipicamente de frutos, denominados morcegos-da-fruta, do género Pteropus, são os seus hospedeiros naturais, transmitindo o vírus aos porcos que, por sua vez, o passavam para os seres humanos.
Ná Índia, o primeiro surto de Nipah foi relatado em 2001, no estado de Bengala Ocidental.
Desde que foi descoberto, ocorreram vários surtos também no Bangladesh e nas Filipinas. O vírus foi também observado em morcegos que habitam em países como Gana, Camboja, Indonésia e Tailândia, destaca a Organização Mundial da Saúde (OMS), confirmando que em África e no Sudeste Asiático existe maior risco de infeção pelo Nipah.
Como se transmite, afinal, este vírus? Que sintomas revela?
A OMS colocou a doença provocada por este vírus na lista das suas prioritárias, que representam “maior risco para a saúde pública devido ao seu potencial epidémico” e onde “não existem ou são insuficientes as contramedidas”.
A mesma entidade explica que o Nipah é transmitido de animais para humanos, mas também pode passar de uma pessoa infetada para outra, e ingerir frutas contaminadas com urina ou saliva de morcegos que transportam o vírus é a maneira mais frequente de infecção. Também é altamente infecciosa em porcos.
O período de incubação, isto é, o tempo desde a infeção até o início dos sintomas, varia de quatro a 14 dias, mas pode chegar a 45 dias, segundo a OMS.
Os sintomas incluem febre intensa, vómitos, gripe, dor de garganta, dor de cabeça e dores musculares; já os casos graves podem levar a pneumonias, convulsões e encefalites e resultar em coma.
Como se pode prevenir o contágio?
Segundo a OMS, evitar o contato com morcegos e com pessoas com a doença, além de lavar as mãos regularmente, pode ajudar a evitar a doença.
Contudo, ainda não existe vacina para combater o vírus, que tem uma taxa de mortalidade que varia entre 40 e 75%.