Um novo estudo, publicado no jornal Diabetes Care, dedicou-se a aprofundar o conhecimento sobre um tipo de diabetes, conhecida como “diabetes de baixo IMC”, que está relacionada com a desnutrição e afeta milhões de pessoas em muitos países da Ásia e da África Subsaariana, sobretudo jovens adultos magros, empobrecidos e desnutridos. De acordo com a investigação, as vítimas desta doença raramente vivem mais de um ano após o diagnóstico. A doença é considerada um tipo distinto da diabetes tipo 1 e tipo 2, uma vez que esta forma está relacionada com a desnutrição.
A doença foi descrita pela primeira vez há quase 70 anos, mas tem faltado investigação e, por conseguinte, não há certezas acerca do melhor tratamento. “A literatura científica atual não oferece qualquer orientação sobre a gestão da diabetes relacionada com a desnutrição, que é rara em países de alto rendimento, mas existe em mais de 60 países de baixo e médio rendimento”, refere Meredith Hawkins, professora de Medicina no Albert Einstein College of Medicine nos EUA, em comunicado.
No estudo, os investigadores utilizaram tecnologia de última geração para avaliar a secreção de insulina em 20 homens com idades compreendidas entre 19 e 45 anos e identificados como propensos a ter diabetes relacionada com a desnutrição. Os grupos de controlo foram compostos por pacientes com diabetes tipo 1 e 2 e saudáveis.
“Este estudo é o primeiro a demonstrar que os indivíduos de países com médio e baixo rendimento têm um perfil metabólico único, sugerindo que se trata de um entidade distinta que merece uma investigação mais aprofundada”, esclarecem os investigadores.
Estudos anteriores tinham sugerido que a diabetes relacionada com a desnutrição resultava da resistência à insulina. Contudo, esta investigação revela que as pessoas com este tipo de diabetes têm um defeito muito profundo na secreção de insulina, que não era conhecido antes. “Esta nova descoberta revoluciona totalmente a forma como pensamos sobre esta condição e como ela deve ser tratada”, afirma Hawkins.
Neste tipo específico da doença, as injeções de insulina não resultam e podem resultar em morte por hipoglicemia.
Além do número da amostra, é também uma limitação dese estudo o facto de todos os participantes serem homens, uma escolha que teve por base o facto de cerca de 85% das pessoas que desenvolvem diabetes relacionada com a má nutrição.
“A diabetes tornou-se uma verdadeira pandemia global. Um em cada 10 adultos em todo o mundo tem a doença e três quartos deles – cerca de 400 milhões de pessoas – vivem em países de baixo e médio rendimento”, afirma Hawkins. “Nos países onde foi estudada, a prevalência da diabetes relacionada com a desnutrição entre as pessoas com diabetes é de cerca de 20%, o que significa que cerca de 80 milhões de pessoas podem ser afetadas em todo o mundo”, conclui a investigadora.