“Está na altura de reduzir as medidas” tomadas para controlar a pandemia de Covid-19, resumiu Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde do Norte, no final das cinco apresentações dos especialistas que aconselham o Governo sobre a evolução do vírus. Foi unânime que o risco está a diminuir, o pico da onda foi ultrapassado no final de janeiro, as hospitalizações e mortes estão em níveis controlados e a taxa de vacinação dá confiança aos peritos para incentivarem o Governo a dar outro passo em frente e “caminhar para uma situação de normalidade”. Situação esta em que se pode esperar um alívio da testagem, o fim das limitações nos espaços, como centros comerciais ou discotecas, e uma redução da importância do certificado digital, que, na opinião destes especialistas, pode passar a ser usado apenas para acesso a serviços de saúde ocupacional.
Mesmo assim, a obrigatoriedade de utilização da máscara em espaços fechados, em recintos ao ar livre com grandes aglomerados ou sempre que a perceção de risco for elevada deve manter-se. Tal como as medidas de higiene, de ventilação e de proteção da população mais vulnerável, nomeadamente, dos idosos em lares.
Em simultâneo, é preciso não descurar a monitorização da evolução da situação epidemiológica, pois, recorda Raquel Duarte, há várias zonas do globo onde a cobertura vacinal ainda está muito aquém do desejado, o que proporciona um ambiente ideal para o aparecimento de novas variantes, com impacto em Portugal. O vírus está endémico, lembrava na penúltima apresentação, o médico de saúde pública Henrique Barros, mas isto não quer dizer que esteja erradicado ou que tenha perdido a sua gravidade.
Raquel Duarte e a sua equipa propõe ao Executivo que reduza as medidas em Portugal – “um dos países com menos medidas restritivas”, neste momento -, mas que reveja a situação de quinze em quinze dias. Para além de continuar a apostar na vacinação e na literacia da população, que tem revelado “níveis adequados” e que deve continuar a fazer parte da solução.
A percepção de risco, neste cenário, seria dada pela mortalidade (20 casos por um mihão de habitantes a 14 dias) e pelos internamentos em unidades de cuidados intensivos (170 camas ocupadas).
Todos os cinco especialistas que fizeram apresentações no Infarmed foram unânimes quanto a um cenário mais otimista da evolução da pandemia. “Estamos numa fase decrescente da onda pandemica”, depois do pico de infeções se ter verificado a 28 de janeiro, avançou Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral da Saúde. A taxa de incidência está avaliada em 1 562 casos a cada sete dias por 100 mil habitantes — menos 45% que no período homólogo. Mas, sempre que a perceção de risco suba, devem ser tomadas medidas preventivas.