Se tem 65 ou mais anos e vive em Portugal continental, a partir desta segunda-feira já pode tomar, em simultâneo, as vacinas contra a gripe e a Covid-19. A diretora-geral da Saúde Graça Freitas garantiu, na sexta-feira, que está “tudo preparado” para a coadministração das duas vacinas.
A Direção Geral da Saúde (DGS) avançou ainda que os dados disponíveis analisados pela Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19, que incluem os resultados da reunião do grupo de peritos da Organização Mundial da Saúde em matéria de vacinação, mostram que existe um perfil de segurança aceitável após a toma das duas vacinas.
A VISÃO responde a algumas das dúvidas mais frequentes sobre o processo de vacinação, efeitos secundários e público-alvo deste esquema vacinal
1. A quem se destina a administração em simultâneo das vacinas contra a Covid-19 e contra a gripe?
Segundo as normas da DGS, referentes à vacinação contra a gripe e à vacinação contra a Covid-19, a vacinação em simultâneo destina-se a pessoas com 65 anos ou mais anos e a pessoas imunodeprimidas, com indicação para receberem a terceira dose de reforço da vacina contra a Covid-19.
2. As pessoas a quem se destina a administração simultânea devem esperar que alguém lhes ligue a marcar a dose de reforço da vacina contra a Covid-19?
Sim. Como já sublinhou, em diversas ocasiões, a Diretora Geral da Saúde, as pessoas elegíveis para receber a terceira dose de vacina contra a Covid-19, e consequentemente a possibilidade de serem vacinadas, no mesmo momento, contra a gripe, deverão aguardar uma convocatória através de SMS, carta ou telefonema.
3. Onde ocorrerá a vacinação em simultâneo?
Consoante as regiões e, “de forma a agilizar o processo”, diz a DGS, as pessoas poderão ser encaminhadas para um centro de saúde ou para um dos centros de vacinação Covid-19 da região onde vivem.
4. É prática comum aconselhar as pessoas a esperar uma a duas semanas entre a toma de vacinas diferentes. O que muda neste caso?
De acordo com os especialistas, a separação entre tomas de vacinas serve para, no caso de haver efeitos adversos, perceber qual das vacinas foi responsável pelos mesmos, e ainda para ter a certeza que a resposta imunológica de uma das vacinas não interfere com a da outra.
Segundo a DGS, até à data, os dados disponíveis analisados pela Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, que incluem os resultados da reunião do grupo de peritos da Organização Mundial da Saúde em matéria de vacinação, sugerem “a manutenção da eficácia de ambas as vacinas”, sem evidências de “alteração da resposta imunológica”.
Na visita que fez, esta segunda-feira,, ao Pólo do Centro Multidisciplinar Dor Beatriz Craveiro Lopes do Hospital Garcia de Orta, a ministra da Saúde Marta Temido sublinhou ainda que a eficácia e a segurança das vacinas “permanece idêntica, seja em coadministração seja em administração separada”.
5. E os efeitos secundários esperados da toma simultânea são mais fortes que os efeitos secundários de cada vacina isoladamente?
Apesar de, à partida, não serem esperados efeitos secundários muito mais fortes que os já conhecidos, como febre, arrepios de frio e cansaço, a norma da DGS refere que “atualmente desconhece-se se a coadministração favorece um maior número ou diferente tipologia de reações adversas”.
Por esta razão, e porque o corpo estará a responder a dois antigénios diferentes ao mesmo tempo, “é aconselhada a toma de paracetamol, após a coadministração destas vacinas”.
6. As vacinas são administradas numa injeção única?
Não. Segundo a DGS, as vacinas devem, inclusive, ser administradas “em locais anatómicos diferentes, salvo casos excecionais, nos quais podem ser administradas no mesmo local anatómico, com, pelo menos, 2,5 cm de distância”.
A DGS avança ainda que, antes de tomar a vacina, os utentes devem ser informados sobre as possíveis reações adversas, podendo optar por uma administração em dias diferentes. Se acabarem por decidir tomar as vacinas em dias diferentes, terão então de informar os profissionais de saúde no dia da vacinação e proceder à marcação de nova data para que seja administrada a segunda vacina.
7. Existem algumas pessoas em específico a quem este tipo de administração não é recomendada?
Segundo a norma da DGS, apenas as pessoas para quem a vacina contra a gripe era já contra-indicada.
Ou seja, pessoas com antecedentes de reação anafilática a qualquer dos componentes da vacina, nomeadamente aos excipientes (RCM), pessoas com antecedentes de Síndroma de Guillain-Barré nas seis semanas seguintes à administração de uma dose anterior de vacina contra a gripe ou pessoas que apresentem sintomas de doença febril, moderada ou grave ou doença aguda.