A vacinação contra a Covid-19 reduz em 90% o risco de um doente infetado ser hospitalizado ou até morrer. Esta é a conclusão de um novo estudo realizado por investigadores franceses e que envolveu 22,6 milhões de pessoas, e corrobora os resultados de estudos anteriores. “Todas as vacinas [estudadas] contra a Covid-19 são altamente eficazes e têm um grande efeito na redução de formas graves de Covid-19 entre pessoas com 50 anos ou mais que vivem atualmente na França”, lê-se no relatório do estudo.
O objetivo da equipa era perceber se a vacinação conseguia evitar os sintomas mais graves da infeção e, por isso, não teve em conta se as vacinas impediram as pessoas de se infetarem ou de transmitirem o vírus. Todos os voluntários tinham mais de 50 anos, sendo que metade deles, ou seja, mais de 11 milhões, estavam vacinados contra a Covid-19; a outra metade não. O que os pesquisadores fizeram foi juntar por pares pessoas vacinadas e não vacinadas do mesmo sexo e idade, habitantes na mesma região, e acompanhar os voluntários desde o fim de dezembro do ano passado até ao fim de julho deste ano.
As conclusões foram claras para o grupo de investigação, que verificou, a partir do 14º dia após a inoculação com a segunda dose, uma redução do risco de hospitalização superior a 90%, assim como no número de mortes por Covid-19, independentemente da vacina que se tomou (Pfizer/BioNTech, Moderna ou Oxford/AstraZeneca). A vacina da Janssen não foi incluída no estudo uma vez que foi autorizada em França depois do início da investigação e não houve tempo e doentes suficientes para testar o seu efeito.
Os investigadores deram conta, também, de que a eficácia da vacina no combate aos sintomas mais graves da doença não diminuiu nos cinco meses seguintes ao início do estudo. Em relação à variante Delta, não houve muito tempo para a equipa estudá-la, mas os resultados mostraram, no período possível, que as vacinas reduziram o risco de sintomas graves e morte em 92% para os voluntários entre os 50 e os 74 anos e em 84% para os maiores de 75 anos. Apesar disso, Mahmoud Zureik, epidemiologista que supervisionou o estudo, ressalva que o período foi “muito curto para avaliar o real impacto da vacinação nesta variante”.
O estudo, publicado na última segunda-feira, foi realizado pelo Epi-Phare, um grupo científico criado pelo sistema de saúde de França, o l’Assurance Maladie (CNAM) e a agência nacional de medicamentos ANSM.