A budesonida, medicamento muito utilizado no tratamento da asma, pode acelerar a recuperação da Covid-19 em doentes que estão em casa. Esta é a conclusão de um ensaio clínico recente, que ainda não foi sujeito a revisão, realizado pela Universidade de Oxford, que afirma que utilizar este glicocorticóide pode fazer com que os doentes com mais de 50 anos – o estudo não envolveu pessoas mais novas – recuperem da doença até três dias antes do que recuperariam sem este tratamento.
A investigação acompanhou 1700 pessoas – com mais de 50 anos e incluídas num grupo de risco, ou com mais de 65 anos, sem problemas de saúde associados. Durante duas semanas, 751 de todos os participantes inalaram 800 mcg deste medicamento duas vezes por dia, sendo acompanhados ao longo de 28 dias. Relativamente ao grupo que não utilizou budesonida, os primeiros sentiram-se novamente saudáveis mais depressa – além de terem recuperado mais rapidamente, revelam os resultados provisórios deste ensaio, o Principle. Um terço dos doentes que utilizou o medicamento recuperou da doença em menos de 14 dias; em relação ao grupo que recebeu paracetamol, nem um quarto recuperou no mesmo período de tempo.
Os investigadores concluem, assim, que duas inalações de budesonida, um medicamento “relativamente barato e amplamente disponível, além de ter muito poucos efeitos colaterais”, duas vezes por dia, aceleram o tratamento de infeção pelo coronavírus, caso os doentes tenham sintomas ligeiros da doença.
Além disso, revela a equipa, a percentagem de participantes que utilizaram budesonida e que foi internada foi de 8,5% um valor que subiu para 10,3% nos restantes. Os cientistas sublinham, porém, que estes resultados verificaram-se num momento em que o número de internamentos hospitalares estava a descer no geral e, portanto, não se percebe se estes valores estão categoricamente relacionados com a toma do medicamento ou não.
O Principle investiga e procura soluções de tratamentos contra a Covid-19 que possam ser realizados em casa e, neste caso, os especialistas acreditam que o uso deste glicocorticóide pode vir a mudar a prática clínica a nível mundial, já que, fazendo com que estes doentes possam recuperar sem terem de ser internados, muitas unidades de saúde poderão ficar menos sobrecarregadas.