O anúncio acaba de ser conhecido: segundo comunicado da Agência Europeia do Medicamento (EMA), disponibilizado ao início da tarde no seu site, há uma ligação efetiva entre a vacina comercializada pela farmacêutica Astrazeneca, agora conhecida como Vaxzevria, e “casos raros de coágulos no sangue”, que devem agora passar a ser listados como efeitos secundários. Mas mantém que a relação risco-benefício continua a ser positiva, não aconselhando a sua suspensão.
O regulador europeu faz ainda questão de recordar aos profissionais de saúde e às pessoas a quem seja administrada esta vacina a permanecerem cientes da possibilidade daqueles casos, “no prazo de 2 semanas após a vacinação”. Até agora, a maioria dos casos comunicados ocorreram em mulheres com menos de 60 anos de idade – mas, com base nas provas actualmente disponíveis, sublinha ainda o regulador, não foi possível identificar “fatores de risco específicos”.
Quem recebeu esta vacina deve ainda, acrescenta o comité de segurança da agência, procurar assistência médica imediatamente se “desenvolver sintomas desta combinação de coágulos e plaquetas sanguíneas baixas”.
Trata-se de uma avaliação que vai ao encontro ao anteriormente já validado pela agência, mas que ontem conheceu desenvolvimentos depois de um membro daquele comité, Marco Cavaleri, ter assumido ao jornal italiano Il Messaggero, que havia “uma ligação clara entre a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca e os casos de tromboembolismos registados após a sua administração“. Pouco depois, a EMA faria saber que ainda não havia conclusão sobre o assunto, o que veio acontecer agora, um dia depois.
Em conferência de imprensa, os peritos do regulador fizeram ainda questão de frisar que “todas as vacinas aprovadas na União Europeia previnem a doença grave e a morte” por Covid-19, e que o “raro risco agora identificado” é igualmente apontado como efeito secundário em outros fármacos como por exemplo os contracetivos.
“Por exemplo, há relação entre o uso do contracetivo oral combinado hormonal e os coágulos sanguíneos que ocorrem após a toma desses contracetivos, normalmente tomados por mulheres saudáveis”, disse o chefe do Departamento de Farmacovigilância e Epidemiologia da EMA, Peter Arlett.
A seu lado, Sabine Strauss, da mesma equipa, recordou ainda que também já foram sinalizados dois casos associados à vacina da Johnson & Johnson, salientando, no entando que “há muito menos pessoas que tomaram esta vacina”.
Os peritos sublinharam ainda, várias vezes, a necessidade de todos os que sentirem algum efeito secundário após a toma do imunizante o reportarem, de forma a que se possa estudar com mais detalhe a causa desta ligação, ainda não encontrada. “Não podemos apontar uma taxa de incidência, porque não foram propriamente feitos ensaios; os valores que temos são de casos registados: 222 em 34 milhões de pessoas vacinadas”.
No final do encontro, foi ainda sublinhado que outras três vacinas estão em avaliação pelos peritos da EMA – a russa Sputnik V, a do laboratório alemão CureVac e ainda a americana Novavax – mas ainda sem previsão de data de aprovação.