A vacinação contra a Covid-19 vai começar ainda este ano e as primeiras doses estão reservadas para os profissionais de saúde. “A mensagem é começar por cuidar de quem também cuidou de nós”, justificava, esta quinta-feira, em conferência de imprensa, a ministra da Saúde, Marta Temido. Médicos e enfermeiros receberam as palavras da tutela com satisfação, mas sem deixarem de lembrar que lhes faltam informações logísticas sobre a operação, que chegará ao terreno entre os dias 27 e 29 de dezembro, em linha com o que acontece nos restantes países da União Europeia.
A farmacêutica Pfizer acredita que estará em condições de começar a distribuição de vacinas no dia 26 e o Governo português anunciou que, no dia a seguir, os profissionais de saúde na linha da frente da Covid-19 já deverão receber a vacina. Para a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, esta atitude é lógica, porque há que “proteger os profissionais que já são poucos” e porque estes “podem ser veículos de transmissão” do vírus, disse à VISÃO.
Por sua vez, o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Noel Carrilho, acredita que esta priorização no Plano de Vacinação contra a Covid-19 é um “reconhecimento ainda que indireto do desempenho dos profissionais no combate à pandemia”, o que lhe parece “adequado”. Mesmo assim, revela, sem que lhe seja preciso perguntar, algumas preocupações relacionadas com a forma como se procederá à vacinação das pessoas.
“Temos ouvido o coordenador da task-force do Plano de Vacinação contra a Covid-19 [Francisco Ramos] a dizer que já estava a ser feito o levantamento de doentes prioritários, mas quando falamos com os médicos de família, estes desconhecem completamente que isto esteja a acontecer”, aponta Noel Carrilho. “Espero que não peçam em cima da hora aos médicos que encontrem os ficheiros desses doentes”, acrescenta.
Tanto Noel Carrilho como Ana Rita Cavaco não têm duvidas de que o Serviço Nacional de Saúde está preparado para esta missão, de que existem profissionais competentes e que vão colaborar; lembrando a segunda que a operação de vacinação para a gripe sazonal já envolve sempre uma grande mobilização. Estão sim apreensivos com a forma como o processo está planeado e com os recursos humanos. “Parece-me fantasioso dizer que vai ser possível manter o funcionamento normal do SNS, sem qualquer tipo de prejuízo, enquanto são precisos profissionais para a vacinação”, diz o presidente da FNAM. “Parece-nos que o SNS tem capacidade desde que haja organização”.