Desde que ficámos a saber que um novo coronavírus infetava a espécie humana que lhe procuramos o rasto, a fonte, a origem. Nestes primeiros cinco meses de pandemia, o mundo tem-se empenhado em compreender como é que um agente viral se espalhou desta forma. Presente por todo o planeta, a mais recente contabilidade aponta para mais de 3.6 milhões de infetados e 250 mil mortes em todo o planeta.
Daí que compreender as sequências genéticas do vírus possa permitir compreender a sua história real. Como quem diz, conhecer o seu percurso, identificando de onde veio e em que momento chegou a determinado lugar.
É esse rastreamento que foi agora divulgado pela Scientific American, num gráfico que mostra como este novo coronavírus saltou de um animal para o homem num ponto da China, no caso Wuhan. Depois, as pessoas transportaram-no pelo país. E dali viajou para o resto do mundo, com os seus hospedeiros.
Mas há algo mais. Segundo a análise feita no fim de março, não foi encontrada uma mutação assim tão significativa que fizesse diferença na forma como a pandemia se instalou.
Ou seja, as mutações permitem saber de onde veio e para onde vai este vírus, a cada momento. Mas não indicam, neste momento, que se trate de um agente patogénico que tenha evoluído de forma a ser mais e mais infeccioso. O que os cientistas interpretam de uma forma simples: a pandemia instalou-se como resultado de um intenso contacto humano, em trânsito entre diferentes locais do mundo.
Retrato de um mundo de viajantes
Há já vários gráficos a contar como tudo aconteceu (espreite esta animação) e que permiter ver como, a partir do surto inicial na China, as viagens para este e oeste levaram o vírus a outras localidades. A saber: Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. As nove sequências encontradas entre os passageiros do Grand Princess confirmam ainda que houvera infeção anterior nos EUA e que só teria sido detetada a bordo, depois de outros casos em navios de cruzeiro.
As várias versões do vírus encontradas depois um pouco por todos os EUA são, ainda assim, mais parecidas do que em tempos se pensou. E isso confirma que o SARS CoV-2 chegou de vários pontos, mas a sua disseminação foi feita de uma forma muito tradicional – ou seja, pelo contacto pessoal.
Já no caso de Itália, ficou também claro que houve três momentos de grande infeção que espalharam depois o surto daquela forma tão explosiva.
E agora, o que se ganha em saber tudo isto? Bom, segundo os especialistas, saber como uma doença assim se espalha permite tirar várias lições para o futuro. Por exemplo: alargar testes em massa no local onde se inicia um surto mais rapidamente. Mas também proibir viagens aos primeiros sinais de doença assim contagiosa e decretar o isolamento das pessoas infetadas. E, logo, distanciamento social mais imediato. Em todo o mundo.