Trabalhava para o Serviço Sanitário de Urgências e Emergências de Itália e encaminhava, atendendo a linha 118, pessoas doentes e suspeitas de estarem contaminadas com o novo coronavírus. O posto de trabalho era o Hospital Giovanni XXIII, na cidade de Bérgamo, uma das mais afetadas pela epidemia. Manter-se no centro do surto, a trabalhar em turnos longos e stressantes na unidade hospitalar onde muita gente infetada estava a ser tratada, atendendo 70 a 80 chamadas por dia, terá sido fatal para Diego Bianco, 46 anos.
A 7 de março, Diego começara a sentir-se mal; dias mais tarde, a febre subiu até aos 39º C. Na mesma altura, quatro médicos e quatro enfermeiras desenvolveram os mesmos sintomas, e todos foram mandados para casa. Cinco dias depois, os nove italianos foram testados ao vírus.
Diego falava todos os dias ao telefone com os amigos e colegas, tentando mostrar-se otimista, confiante na recuperação, apesar da febre e tosse permanentes. Mas às vezes confessava que temia deixar sozinhos a mulher e o filho, de oito anos. “Sinto-me como se tivesse sido atropelado por um camião”, disse ele a um amigo.
Ao fim de sete dias de febre, Diego acabou mesmo por morrer, pouco antes de estar pronto o resultado do teste: positivo.
O paramédico é uma das vítimas mais jovens do Covid-19. Segundo o porta-voz do seu sindicato, não sofria de quaisquer doenças que o tivessem deixado mais frágil e vulnerável ao vírus.