A investigadora Catarina Brito, do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET), afirmou que isso permite ir mais longe no estudo de doenças que afetam essa matriz, impossível de replicar quando se analisam animais ou culturas de células individuais.
Para o conseguir, a equipa do IBET usou recipientes especiais usados em biofarmacêutica, onde se fazem culturas celulares para vacinas e outros produtos farmacêuticos, feitos à medida das necessidades dos investigadores.
Ali, conseguiram as células estaminais (células indiferenciadas, que não estão comprometidas com nenhuma função do corpo), e induziram-nas para serem células do sistema nervoso central, não apenas neurónios.
A diferença desta experiência é que os investigadores conseguiram manter as células “durante largos meses” ligadas num ambiente tridimensional e estas começaram a “expelir matriz” e foi possível atingir resultados parecidos com a matriz do cérebro.
“Não se trata de bocados de cérebro. Não temos aqui nenhum ‘mini-cérebro’. O foco nos últimos 50 anos foi sempre a célula, o neurónio, mas cada vez mais se percebe que a relação com o exterior é importante, o que está fora da célula”, afirmou.
No futuro, a investigação deverá passar por usar células de pessoas com doenças neurológicas degenerativas raras em que há desregulação da matriz do cérebro.