Um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America concluiu que, quando as pessoas estão mais stressadas, tendem a usar um maior número de advérbios na fala.
As pessoas mais stressadas usam frequentemente palavras como “muito”, “tão” e “talvez”; e também falam menos do que seria normal, relata o estudo.
Os investigadores de várias universidades examinaram os padrões de fala de 143 participantes. Cada um usou um gravador portátil que o acompanhou durante dois dias, que se ia ligando e desligando a cada dez minutos, sensivelmente, e gravava os participantes a conversar.
As gravações foram posteriormente ouvidas pela equipa, que procurou nelas diversas variáveis – entre elas, o tipo e a quantidade de palavras ditas pelos voluntários.
Depois, um grupo de cientistas avaliou o nível de stress dos participantes através de análises aos glóbulos brancos dos mesmos, e as investigações foram trianguladas.
Não só a prevalência de advérbios foi registada no discurso dos participantes com maiores níveis de stress, como também uma menor utilização de pronomes da terceira-pessoa do plural – como “eles” ou “deles” – foi observada.
Na revista Nature, Matthias Mehl, psicólogo e coautor do estudo, propõe uma explicação para os fenómenos observados: os advérbios são normalmente usados como “intensificadores de emoções”, pelo que podem estar associados aos maiores níveis de excitação sentidos pelos indivíduos stressados.
O uso reduzido dos pronomes, por outro lado, é interpretado pelos investigadores como uma forma de autodefesa psicológica: o indivíduo stressado centra-se mais em si e tenta isolar-se do exterior e dos que o rodeiam.
Por sua vez, o “falar de menos” pode ser a manifestação verbal associada ao sentimento de evasão e “inibição comportamental” sentida psicologicamente pelos indivíduos stressados, sugere o estudo.
Embora o stress seja um tema muito estudado, David Creswell, psicólogo da Carnegie Mellon University, acredita que a sua ligação a padrões de fala é uma forma “muito prometedora” para perceber melhorcomo as adversidades psicológicas afetam a saúde física.