Os investigadores acreditam que os resultados positivos observados na fertilidade feminina se devem a um antioxidante presente nas uvas, o resveratrol, que protege as células do stress biológico.
Para o estudo, foram incluídas 135 mulheres, com idades entre os 18 e os 44 anos. Os cientistas fizeram a contagem de folículos presentes nos ovários das participantes – um indicador da saúde reprodutiva feminina – através de ecografias.
As participantes mantiveram um registo do álcool que consumiam mensalmente – cerveja, vinho branco, vinho tinto e bebidas brancas – que foi posteriormente correlacionado com os resultados da contagem de folículos ovarianos.
Uma baixa contagem de folículos está normalmente associada a problemas de fertilidade, caracterizada pela pequena quantidade de ovócitos nos ovários.
Os resultados demonstraram que as participantes que consumiam vinho tinto regularmente – cinco ou mais copos por mês – tinham um maior número de ovócitos, ou seja, tinham uma maior probabilidade de ser férteis durante mais tempo, em comparação com as restantes participantes.
Mesmo após o ajuste de alguns fatores que poderiam influenciar os resultados, como a idade e o rendimento das participantes, a conclusão manteve-se: o consumo regular de vinho tinto está associado a uma fertilidade mais prolongada.
Contudo, os especialistas advertem para a necessidade de interpretar os resultados com precaução. O estudo não prova que o vinho é, só por si, responsável pelos efeitos observados – apenas que existe uma ligação entre a bebida e o fenómeno.
Adam Balen, professor na Universidade de Leeds e presidente da British Fertility Society, disse ao TheTimes que achou o estudo “interessante”, mas que seriam necessárias mais pesquisas na matéria para se poderem confirmar os resultados. “Este é um estudo interessante, embora com uma pequena amostra, o que significa que não chega a obter relevância estatística”, diz.
O especialista adverte ainda que “a exposição do feto em desenvolvimento ao álcool pode causar problemas de desenvolvimento irreversíveis, portanto o consumo de álcool deve ser de menos de seis unidades por semana [dois copos grandes de vinho, aproximadamente], para mulheres que desejem engravidar”.
Os resultados ainda não foram revistos pela comunidade científica, estando agendada para esta semana a sua apresentação no congresso científico da American Society for Reproductive Medicine, no Texas.
Em contradição, um outro estudo realizado em 2011, concluiu que o consumo de mais de três bebidas alcoólicas por semana reduz as probabilidades de sucesso dos casais que tentam engravidar por fertilização in vitro. No entanto, o consumo regular de álcool pode não ser a causa direta da redução de fertilidade observada – outros fatores, como o stress, podem estar na base do observado.