Perda de peso, intestino mais regular, aceleração do metabolismo. Estas são apenas algumas das vantagens que os consumidores de óleo de coco dizem procurar nesta gordura saturada.
Mas os efeitos reais são variáveis. E os investigadores – tal como os consumidores – dividem-se.
Marie Pierre St-Onge, investigadora e professora na universidade de medicina de Cornell, nos Estados Unidos, estudou os efeitos desta gordura.
“O óleo de coco tem uma maior proporção de triglicéridos de cadeia média (TCM) do que a maioria das gorduras e óleos e a minha investigação mostrou que ingerir TCM pode acelerar mais o metabolismo, quando comparado com triglicéridos de cadeia longa”, afirmou St-Onge.
Os triglicéridos – que, simplificando, se pode dizer que são da família das gorduras – que consumimos podem ter entre 2 a 22 carbonos. Os mais comuns são os de cadeia longa (TCL), com mais de 12 carbonos. O óleo de coco, pelo contrário, situa-se na categoria dos TCM, com 8 a 12 carbonos.
Há pouco mais de dez anos, a mesma investigadora publicou dois estudos que comparavam a ação dos TCM e dos TCL em homens e mulheres acima do peso recomendado. Em ambos, os TCM mostraram-se mais eficazes na queima de calorias após as refeições.
E isto poderia confirmar a vantagem de consumir óleo de coco por parte de quem quer perder peso. Mas não. St-Onge explica que usou um óleo criado especificamente para a investigação. E, ao contrário do óleo de coco, que tem cerca de 13-15% TCM na sua composição, este continha 100%.
Para uma eficaz perda de peso, os envolvidos no estudo tiveram de consumir entre 15 a 20 gramas do tal óleo. O que significa que, para se conseguir um efeito semelhante através do uso de óleo de côco, o consumo teria de ser bastante superior (uma quantidade muito pouco saudável, entenda-se).
Um recente estudo publicado no European Journal of Nutrition mostrou que o óleo de coco não acelera mais o metabolismo nem promove uma maior oxidação da gordura do que o azeite entre mulheres acima do peso. E como se tal não bastasse, ainda se mostrou menos eficaz no que toca ao controlo do apetite.
A outra face
Alguns estudos têm defendido, por outro lado, a ação deste óleo e mostrado que os seus benefícios são superiores aos defeitos que possa ter. Desde que, claro, consumido de forma equilibrada.
Ácido láurico. É-lhe familiar? Este é um dos compostos mais significativos do óleo de coco. É um ácido gordo, saturado, e… saudável.
Uma investigação conduzida por Fabian Dayrit, professor de química numa universidade das Filipinas, mostrou que o ácido láurico é convertido imeadiatamente pelo organismo em energia. Esta, por sua vez, é enviada para o cérebro e coração, e não armazenada em forma de gordura.
A mesma investigação sugeriu que o ácido láurico pode também ser eficaz no aumento do “bom” colesterol.
Dayrit defende, portanto, o uso do óleo de coco. Sobretudo se for para cozinhar. Isto porque é um óleo “estável” e, como tal, não se degrada tão facilmente quanto outros óleos quando sujeito a temperaturas elevadas. O investigador afirma que esta é uma melhor gordura para colocar na frigideira do que o azeite.
Muitos estudos ainda serão feitos e muitas teorias surgirão. Para já, parte do bom senso de cada um adequar (ou não) a sua dieta a esta nova moda que parece ter vindo para ficar.