Há muito, muito tempo, lá muito longe, no Polo Norte, vivia uma pequena rena. Essa rena chamava-se Bolinha e, como o nome indica, tinha uma grande barriga e todos gozavam com ela.
Uns diziam:
-Há! Há! Olhem a Bola.
E outros diziam:
-Nunca irás para as Forças Aéreas do Pai Natal!
-Parem com isso, ao menos não sou uma “passa-fome” – dizia a Bolinha, quase em lágrimas.
Ela galopou para casa a pensar naqueles comentários de mau gosto. Mas, o que mais a chocou, foi o comentário em que lhe tinham dito que nunca seria das Forças Aéreas.
Ela continuava a galopar, sempre muito pensativa. Chegou a casa e aninhou-se nos cobertores desarrumados e continuou muito calada, até que adormeceu no frio da sua casa, que basicamente eram dois paus pregados ao chão, para não se molhar, pois os seus pais haviam morrido num Nata,l há já muito tempo. Eles eram os melhores de todos e a Bolinha escondia isso, para não a compararem com os seus pais.
No dia seguinte, ela acordou com um novo objetivo: emagrecer, fortalecer e fazer parte das Forças Aéreas. E lá foi a pequena rena correndo, saltando e à espera dos comentários de sempre. Mas, desta vez, sabia que isto iria parar e, pensando positivo, continuou.
Passou muito tempo, sem que Bolinha fosse gozada.
Aproximava-se o Natal e o Pai Natal mandou-a chamar, e disse-lhe:
-Minha querida Bolinha, minha pequena rena, vim-te dizer que vi os teus progressos nos treinos e agora vou felicitar-te, dizendo que estás selecionada para rena da frente!
-O quê?!- interrogou a Bolinha quase sem ar.
-És tu! És a rena escolhida. Vimos os teus grandes esforços.
-Obrigado! Obrigado! Obrigada! É o melhor homem do mundo e dos planetas.
-Tem calma minha pequena.
-Está bem. Eu estou calma.
-Vamos dar-te lugar na casa das renas do Natal.
-Agradeço muito, estou muito reconhecida.
-Podes ir minha querida- despediu-se o Pai Natal, carinhosamente.
A rena foi-se embora, dançando pela neve.
Chegou o dia, e a Bolinha sentia borboletas na barriga, porque, na verdade, nunca lhe haviam ensinado a voar. Foi, então, ter com Pai Natal.
-Pai Natal, eu nunca voei!- sussurrou ela.
-Tem calma, só tens de mexer as pernas e deixar-te levar pelo coração – disse o Pai Natal, numa voz ternurenta e calmante.
E lá se pôs no seu lugar
E começaram a voar. Passaram por todas as terras e terrinhas do mundo.
A rena Bolinha continuou nesse cargo, até morrer e a última coisa que disse foi:
-Todos podemos ser o que quisermos, desde que acreditemos!
Texto de Constança Cabral, leitora da VISÃO Júnior