Nunca se tinha visto nada assim: 32 países, incluindo Portugal, estão no banco dos réus e têm de se defender das queixas que estes jovens levaram ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH).
No dia 27, realizou-se a primeira audiência, ou seja, a primeira sessão em tribunal, em que estiveram presentes os jovens, os advogados que os representam e os representantes dos países acusados.
Ninguém faltou, incluindo jornalistas de muitas partes do mundo que quiseram acompanhar os acontecimentos e muitas centenas de pessoas que se manifestaram na rua, a favor dos jovens.
André, Catarina, Cláudia, Mariana, Martim e Sofia têm entre 11 e 24 anos, respetivamente, e afirmam que as suas vidas têm sido afetadas por esta crise do clima.
Queixam-se que as catástrofes naturais que têm acontecido nos últimos anos, e a ideia de que no futuro se vão tornar mais comuns, os faz sentir muito ansiosos.
E que os países que acusam não estão a tomar as medidas necessárias para que o aquecimento global não ultrapasse os 1,5 graus celsius, um dos objetivos que saíram do Acordo de Paris sobre o clima, de 2015.
Afirmam que, por essa razão, as alterações climáticas estão a causar tempestades muito fortes no inverno e que no verão o aumento da temperatura causa mais incêndios.
Este processo teve início em 2020, três anos depois dos terríveis incêndios de Pedrógão Grande e Mação, no distrito de Leiria, onde quatro destes jovens vivem.
Se o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos aceitar a queixa, pode vir a criar leis que obriguem os Estados europeus a tomarem mais medidas para impedir o aquecimento global.
Contudo, o tribunal pode demorar um ano a anunciar a sentença, já que se trata de um caso complicado e inédito.