Como são atribuídos os prémios? Um júri composto por vários especialistas (professores, investigadores, jornalistas, bibliotecários, mediadores de leitura…) analisa as obras tendo em conta parâmetros como a qualidade do texto e da ilustração, o projeto gráfico, a abordagem de temáticas inovadoras, a criatividade e ainda a qualidade da tradução, no caso de obras estrangeiras. E assim chegam à lista dos livros premiados.
Descobre aqui as tuas próximas leituras, e partilha com amigos e colegas de escola!

Hachiko: o Cão que Esperava (ed. Fábula)
Lluís Prats (texto) e Zuzanna Celej (ilustração), tradução de Artur Guerra
Um dia, Ueno, professor da Universidade de Tóquio, leva um cão para casa para oferecer à filha, mas cresce entre eles uma relação muito especial. Hachiko torna-se o melhor amigo e fiel companheiro de Ueno. Todos os dias ele acompanha o seu dono até à estação de comboios e espera que ele regresse ao fim da tarde. Até que algo de terrível acontece. Ueno deixa de aparecer. Um livro premiado, baseado numa história real, que tem comovido pessoas em todo o mundo, e inspirado criadores de várias formas de arte.
O que diz o júri:
Bonito design gráfico, bastante cuidado e harmonioso com o texto. Os tipos de letra escolhidos, as ilustrações em concordância com a mancha textual guiam-nos, a pouco a pouco, para um lugar culturalmente tão diferente do Europeu. As ilustrações dão-nos referências geográficas sem nunca tirar a respiração ao texto. É um livro direcionado para um público juvenil e/ou jovem adulto que seduz desde o início e, ao mesmo tempo, inquieta e faz reflectir sobre a magnitude das relações sem nunca fazer desprender o leitor. Há uma qualidade literária do texto bastante coerente com a delicadeza do tema, em concordância com a referência ao contexto cultural da história real que serve de inspiração à ficção. Promove a empatia entre os seres humanos, e entre estes e os animais, bem como a valorização das diferenças culturais na abordagem de temas universais.
Bru Junça

O Leão por Cima da Porta (ed. Booksmile)
Onjali Q. Raúf (texto) e Pippa Curnick (ilustração), tradução de Maria Leitão
A família do Leo é de Singapura e a da Sangeeta é da Índia, mas os dois amigos vivem e estudam em Inglaterra. Por causa das suas origens, eles são muitas vezes discriminados e alvo de comentários racistas e xenófobos por parte de alguns colegas e vizinhos. Uma narrativa divertida e emotiva sobre a importância da nossa identidade e o impacto do racismo. De Onjali Q. Raúf, a mesma autora do bestseller O Rapaz ao Fundo da Sala, e de outros títulos de sucesso, A Estrela Que Vejo da Minha Janela e O Herói do Autocarro Noturno. Este último acaba de chegar às livrarias.
O que diz o júri:
É uma narrativa escrita de uma forma fluente e informativa. Eternamente necessária à atualidade que nos circunda. A história da emigração e da sua integração nas comunidades é um tema pertinente a abordar para qualquer faixa etária. Para compreender melhor o fenómeno da mobilidade do ser humano, nada melhor que vasculhar nos recantos da história escondida. O papel dos imigrantes não só na formação de um país, como na luta por vezes desesperante pelos ideais de liberdade, fraternidade e igualdade, tão amplamente proclamados na revolução francesa.
António Jorge Serafim

Sê uma Árvore (ed. Fábula)
Maria Gianferrari (texto) e Felicita Sala (ilustração), tradução de Susana Cardoso Ferreira
Uma maravilhosa celebração da Natureza em forma de verso, que faz o paralelo entre as árvores e as pessoas e entre as florestas e as comunidades humanas. Mostra de que forma nos podemos inspirar nas árvores para sermos pessoas melhores. As páginas finais incluem uma nota da autora, dicas para a proteção da floresta e o apoio à comunidade, informação detalhada sobre as partes constituintes de uma árvore, e ainda sugestões de sites e de leituras adicionais.
O que diz o júri:
Maria Gianferrari queria escrever um livro sobre árvores que juntasse ciência e poesia. Conseguiu. E a tradução fez-lhe jus. (…) Enquanto homenagem a esses seres que se erguem da terra, estendem os braços para o sol e enlaçam as raízes no subsolo, pode ajudar as crianças e jovens à contemplação e respeito pela natureza: “Sê uma árvore, porque, juntos, somos uma floresta.” Sejamos então.
Rita Pimenta

O Jardim Secreto: Novela Gráfica (ed. Fábula)
Mariah Marsden (texto) e Hanna Luechtefeld (ilustração), tradução de Salomé Castro
Um dos maiores clássicos de sempre da literatura infantojuvenil, escrito em 1911 por Frances Hodgson Burnett, ganhou esta feliz e aclamada adaptação a novela gráfica. Da mesma autora que adaptou o texto de Ana dos Cabelos Ruivos, o livro conta com as magnificas ilustrações de Hanna Luechtefeld. Uma história intemporal sobre amizade, crescimento, recomeços e esperança, que tem início com a descoberta de um jardim muito especial.
O que diz o júri:
As temáticas a/intemporais aqui ficcionalizadas, como a amizade, a esperança, o amor, o crescimento, a doença, a morte ou, até, o mistério e os segredos de família, entre outros, constituem um importante fator de atração e envolvimento do destinatário extratextual. Também a essência multimodal do discurso, estimulando uma atenção que tem de se repartir, com perspicácia, por diferentes códigos, prende a atenção do leitor. Este volume representa, pois, um meio de contacto inicial com um texto clássico, com uma matéria literária recriada, à qual se associa uma leve/equilibrada intencionalidade informativa.
Sara Reis da Silva

A Inundação (ed. Fábula)
Mariajo Ilustrajo, tradução de Susana Cardoso Ferreira
Uma cidade está lentamente a ser inundada. No início, os habitantes não ligam e prosseguem as suas vidas, indiferentes à ameaça. Só acordam para a realidade quando esta já não pode ser ignorada. O livro de estreia da Mariajo Ilustrajo, publicado em 13 idiomas, é uma metáfora poderosa sobre as alterações climáticas, e o que todos juntos (ainda) podemos fazer para evitar o pior. A autora acaba de publicar entre nós o álbum
Perdido, sobre empatia e o poder da amizade.
O que diz o júri:
Este é um livro-álbum graficamente atraente e apelativo, com edição bastante cuidada, do projeto gráfico à escolha de papel. (…) O argumento é linear para que a carga semântica que a ilustração vai convocando se sustenha. As páginas são o palco para vários modelos de colocação de texto e da sua interação com as personagens. Uma tecelagem que, por vezes, chega a evocar a banda desenhada. Pela dedicatória, percebemos que o livro resulta de um trabalho académico da autora no âmbito da ilustração e isso talvez explique esta abundância de ideias exploradas mais por via da imagem. O convite a folhear o livro, a “mergulhar” nas suas ilustrações a grafite e aguadas acrílicas em apenas duas cores e apontamentos a amarelo, vale a pena só por si. Acrescenta-se a intenção de um tema atual e urgente.
Dora Batalim

Confia na Mudança (ed. Fábula)
Margarida Fonseca Santos
Depois do confinamento imposto pela pandemia, a família da Carolina decide trocar a cidade pelo campo. A jovem tem de se adaptar à nova realidade, e depressa faz amigos na escola. Mas tudo se complica quando um professor se dedica a humilhar os alunos. Esta história aborda temas como o bullying (neste caso de uma perspetiva menos explorada), os distúrbios alimentares, as relações na escola e na comunidade, os laços de amizade e a cooperação. É o 9.º volume da coleção A ESCOLHA É MINHA, dedicada aos desafios da adolescência.
O que diz o júri:
Novela/romance juvenil habilmente contada/o a quatro vozes, numa alternância fluente, com uma escrita fluida e genuína, plasmada também graficamente, por exemplo, através das páginas dos diários de dois dos protagonistas. Este nono volume da coleção “A escolha é minha” mantém a frescura dos diálogos e a abordagem franca, dotada de sensibilidade e profundidade, dos temas, bem como das vulnerabilidades e das dores de crescimento próprias da adolescência.
Paula Cusati

O Som das Coisas Leves Quando Caem (ed. Nuvem de Letras)
Catarina Ferreira de Almeida (texto) e Sérgio Condeço (ilustração)
Há uma ilha que «ninguém sabe ao certo onde fica e que nunca está no mesmo sítio». Aí vivem uma Menina e a sua cadela Jasmim, que estão prestes a deixar a ilha e a partir pelo «grande mar», rumo a uma nova vida. Com o texto poético de Catarina Ferreira de Almeida e as ilustrações de Sérgio Condeço, esta é uma história que apetece descobrir aos poucos, como quem se deixa seduzir por um lugar desconhecido e pela promessa de aventuras.
O que diz o júri:
Uma menina e uma cadela saíram de uma ilha. No entanto, continuam lá. A ilha deste livro tem nome: Terceira (Açores). Mas tal não é dito aos leitores. Imediatamente nos ocorre uma frase de José Saramago retirada de O Conto da Ilha Desconhecida: “É preciso sair da ilha para ver a ilha.”
Rita Pimenta
Além destes livros premiados, na secção Sugestões de Leitura, que agrupa livros informativos recomendados pelo grupo de trabalho do Observatório de Leitura, podes descobrir ainda:

O Que se Faz no Teatro? (ed. Lilliput)
Duarte Silva (texto) e Catarina Correia Marques (ilustração)
Este guia fantástico, escrito e ilustrado em português (tal como o “gémeo” dedicado aos museus) põe em cena várias profissões ligadas ao mundo da arte dramática, do palco aos bastidores. Uma viagem pela dramaturgia, a encenação, a representação, o design cénico, a carpintaria e outras áreas necessárias para montar um espetáculo. Vamos ao teatro?
O que diz o júri:
Essas perguntas derivam da questão que dá nome a este livro informativo, que, de forma criativa e esclarecedora, com grande clareza na organização e composição gráfica, apresenta ao leitor o grande grupo de profissionais de uma companhia de teatro. Cada personagem presente na obra é apresentado a partir da sua atividade laboral e dos pormenores de sua contribuição para que o espetáculo aconteça. A temática de género transversaliza a obra fugindo aos estereótipos. O texto ainda destaca os prós e os contras da profissão, além de oferecer um glossário com termos específicos do universo teatral. As ilustrações, produzidas por meio de desenhos com pastel, e compostos por colagem, identificam cada personagem e seu universo. Eventualmente, seria desnecessário o jogo das páginas finais, se confiarmos na qualidade da obra, no leitor e no mediador. O livro abre as cortinas de uma nova perspetiva para que as crianças possam conhecer o universo teatral, valorizar todas essas profissões e, quem sabe, inspirarem-se.
Tâmara Bezerra

O Mundo de Sofia (Novela Gráfica vol. 1) (ed. Elsinore)
Vincent Zabus a partir da obra de Jostein Gaarder (texto) e Nicoby (ilustração), tradução de Diogo Paiva
O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, publicado pela primeira vez em 1991, é uma obra que conta a história da Filosofia e que se tornou um sucesso, conquistando 50 milhões de leitores. A adaptação a novela gráfica contou com a colaboração do autor, e não perde de vista as grandes questões da atualidade, desde o clima à igualdade de género. Permanece como um livro fundamental para quem quer perceber questões essenciais da nossa existência.
O que diz o júri:
Hábil e bem-humorada adaptação ilustrada da obra do autor norueguês Jostein Gaarder, publicada originalmente em 1991, este livro informativo é o primeiro volume da novela gráfica e tem como subtítulo “A Filosofia de Sócrates a Galileu”, cobrindo o período desde o nascimento da filosofia até ao século XVII. Os autores (do argumento e da ilustração) mantém a qualidade e originalidade do livro de Gaarder, acrescentando-lhe uma estrutura mais leve e atualidade, nomeadamente, na introdução de diálogos em torno de temáticas como as alterações climáticas, a globalização, as redes sociais, a desinformação, o feminismo, ou a pandemia, entrelaçando-os inteligentemente com os conteúdos filosóficos.
Paula Cusati
Descobre mais informação sobre os livros premiados com o selo Caminhos de Leitura aqui.
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