Os cérebros das aves são pequenos, comparados com os dos mamíferos – o que lhes valeu o preconceito de grupo animal pouco inteligente e a expressão ‘cérebro de galinha’. Contudo, esta ideia tem sido desmitificada pela comunidade científica, que descobriu nos pássaros capacidades surpreendentes, como a de atirar objetos para atacar uma possível ameaça (caso da águia-negra-africana).
Uma das formas que os cientistas utilizam para avaliar a capacidade cerebral de um animal é através da quantidade de neurónios presentes nos seus cérebros – que na maioria das aves ronda os 1,2 mil milhões de neurónios, sensivelmente o mesmo que os macacos.
Dois estudos publicados pela revista científica American Association for the Advancement of Science revelam semelhanças entre cérebros de mamíferos e aves. Com as mesmas funções, o pálio dos pássaros é posto ‘lado a lado’ com o córtex dos mamíferos.
O estudo “Um circuito canónico como o córtex no cérebro das aves” sugere “que o cérebro sensorial das aves é composto por circuitos canónicos [de neurónios] (…) em forma de lâmina tangencialmente organizadas e posicionadas ortogonalmente como se fossem uma coluna”.
Por sua vez, o estudo “Uma correlação neural da consciência sensorial numa ave corvina” veio a comprovar que não é necessário ter cortéx celebral para o animal ser capaz de ter pensamentos conscientes. Exemplo disto são os corvos, que respondem neuronalmente quando executam tarefas que correlacionam a sua perceção de um estímulo – um marcador fiável para a existência de consciência.
Através de uma experiência em que investigadores testaram a capacidade de os corvos distinguirem cores numa tela escura descobriu-se que, sempre que as aves reconheciam uma cor diferente, os seus neurónios eram ativados. Em contrapartida, quando não avistavam nenhuma cor na tela de fundo, os mesmos neurónios não eram ativados.