Uma pesquisa sobre consumidores que decorreu em toda a Europa mostra um elevado apoio (85 por cento) à melhoria das leis que garantem a legalidade dos produtos de madeira no mercado. Além disso, grandes empresas ligadas ao sector da madeira na Europa, desde os produtores aos retalhistas, também subscreveram uma declaração dirigida à Comissão Europeia, apelando à UE para que melhore as actuais regras sobre o uso ilegal de madeira.
O Regulamento relativo à madeira da UE, ou EUTR na sigla inglesa, foi projectado para manter a madeira de origem ilegal fora do mercado europeu, e está neste momento em revisão na Comissão Europeia em Bruxelas.
Uma pesquisa solicitada pela WWF em nove países europeus, onde Portugal se inclui, ( e ainda Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Suécia, Países Baixos, Bélgica e Roménia) mostrou que três quartos dos entrevistados não reconhecem os produtos feitos a partir de madeira ilegal que se encontram à venda na UE. 85 % dos inquiridos disseram que é muito importante existirem medidas que garantam que as pessoas não possam comprar produtos feitos a partir de madeira ilegal.
Um número igualmente elevado (82 por cento) quer que a UE aplique a lei de forma mais consistente entre as nações da UE, e 78 por cento pensam que as leis deviam abranger todos os produtos à base de madeira. Actualmente, o EUTR não inclui itens como cadeiras, brinquedos, livros, instrumentos musicais, carvão vegetal, pipas de vinho, porta roupa, entre muitos mais.
Em Portugal, 63% dos inquiridos desconhecia que era possível comprar produtos de madeira de origem ilegal em Portugal e na Europa. Mais, 98% demonstraram que é para eles muito importante que se tomem medidas fortes que assegurem que não é possível comprar madeira ilegal no espaço europeu.
Num comunicado emitido para a Comissão Europeia, 43 empresas e 7 federações comerciais ligadas ao sector da madeira dizem que a exploração de madeira ilegal não só “representa uma ameaça significativa para os recursos florestais mundiais, como também contribui para a desflorestação, causando a perda da biodiversidade e ultrapassando as leis existentes”. Os signatários querem que se disponibilizem recursos suficientes para reforçar a implementação do regulamento de forma consistente por toda a UE e para uma abordagem coerente na sua interpretação.
A WWF tem trabalhado para aumentar a consciencialização sobre as novas medidas necessárias para tornar o EUTR mais eficaz e congratula-se com o apoio da indústria num momento em que a legislação pode ser melhorada.
Anke Schulmeister, responsável de política florestal no escritório de Política Europeia da WWF, disse: “Estamos satisfeitos por ver o apoio do sector e do público a uma regulamentação mais forte, e a direccionar a lei para incluir todos a gama de produtos que podem ser produzidos usando madeira ilegal. Actualmente, menos de metade (em valor) dos produtos que entram na UE está coberta pelo EUTR “.
“A desflorestação e a destruição do habitat continuam, e a madeira ilegal pode ser usada nos nossos livros, brinquedos e cadeiras. É preciso agir agora, durante esta revisão das leis, para que possamos proteger as nossas florestas. “