Por cada barril de petróleo produzido, o Reino Unido emite 21 quilos de dióxido de carbono (CO2). Esta é uma das conclusões de uma análise da Greenpeace, que estimou em 20 milhões de toneladas de CO2 as emissões das plataformas petrolíferas do país no Mar do Norte entre 2014 e 2019 – 4 milhões por ano. É o equivalente às emissões de uma central termoelétrica a carvão média.
Estas emissões são provocadas pela queima de gás em excesso, sem valor comercial. O organismo regulador do setor admitiu o ano passado que, se todo este gás fosse aproveitado, seria suficiente para aquecer um milhão de casas.
A prática de queimar gás nas plataformas de petróleo foi banida na Noruega, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, há quase 50 anos, poucos anos depois da descoberta das reservas, nos anos 60. Tem havido pressão sobre o Reino Unido para seguir o exemplo do seu vizinho escandinavo. O governo britânico garante que está a diminuir a queima, de acordo com as linhas definidas pelo Banco Mundial, que apelou ao fim desta prática até 2030.
A Shell garante que reduziu a queima em 19% nos últimos cinco anos, enquanto a BP diz ter reduzido em 45% o ano passado, face a 2019. Este número, no entanto, pode ser falacioso: em 2020, devido à pandemia, houve uma redução na procura de petróleo de quase 9 milhões de barris por dia (de 99,7 milhões para 91 milhões), pelo que é natural que pelo menos parte desta redução na queima se explique por uma menor produção de petróleo nas plataformas britânicas.
O relatório será uma pedra no sapato de Boris Johnson em novembro: a cidade de Glasgow, na Escócia – banhada pelo Mar do Norte -, vai receber a Cimeira do Clima das Nações Unidas, o encontro mundial mais importante do ano para definir cortes de emissões de gases com efeito de estufa.