No ano passado, aproximámo-nos, mais do que nunca, de Patti Smith, 65 anos. Percorrendo as páginas de memórias de Apenas Miúdos (vencedor do prestigiado prémio norte-americano National Book Award, com edição portuguesa na Quetzal) quase ouvíamos a sua voz, levando-nos pelas ruas de Nova Iorque, ao Chelsea Hotel ou às mesas do Max…
Agora, na tarde de um 25 de abril madrileno que cheira mais a futebol (era dia de Real Madrid-Bayern de Munique) do que a revolução, na sala de um hotel luxuoso, em Madrid, a voz é muito mais real. Calças de ganga, uma T-shirt às riscas, e um blazer escuro simples, Patti Smith tem um ar jovial, totalmente despretensioso, disponível.
Desde 2004, com Trampin‘, que não editava um disco de canções originais (Twelve, de 2007, é composto por versões). Banga está à altura da marca que carrega Patti Smith consegue ser, ao mesmo tempo, nome de ícone e de eterna miúda curiosa e rebelde.
Deu ao seu novo disco o nome de um cão, personagem do romance Margarita e o Mestre, de Bulgakov. É uma homenagem à fidelidade, aos cães em geral ou simplesmente gostou da maneira como a palavra soa?
Adoro cães mas, neste caso, é mesmo uma homenagem à lealdade e à fidelidade.
E, sim, também me agrada a palavra, é um nome tão enérgico: Banga! E quando andava à procura de um título para o disco, pareceu-me que Banga tinha muita energia positiva e fazia sentido num mundo em que o valor da lealdade, que é uma coisa tão preciosa, parece, muitas vezes, perdido…