Visão
A Black Friday é uma das épocas mais aguardadas do ano para os consumidores, mas é também um período em que os riscos no ciberespaço aumentam significativamente. Muitas vezes, na euforia de encontrar boas promoções, podemos baixar a guarda e tornar-nos vulneráveis a esquemas e fraudes online. Por isso, é essencial reconhecermos que fazer compras de forma segura exige a adoção de comportamentos preventivos.
Garantir a proteção dos nossos dados pessoais e financeiros não só nos resguarda de potenciais perdas, como também contribui para a segurança de outras pessoas que possam estar ligadas a nós, evitando que se tornem vítimas indiretas de fraudes ou ataques associados à nossa exposição. Ao conhecer os principais riscos e as formas de os mitigar, podemos desfrutar das vantagens das compras online sem receios desnecessários.
Estas dicas foram pensadas para ajudá-lo a navegar de forma segura durante esta época, com conselhos simples que podem ser aplicados por qualquer pessoa, independentemente do seu nível de familiaridade com a tecnologia.
1. Desconfie de ofertas “demasiado boas para serem verdade” (Phishing)
É comum receber mensagens, emails ou publicações nas redes sociais que promovem descontos irresistíveis. Antes de clicar em qualquer link, verifique sempre se a promoção é verdadeira, visitando o site oficial da loja ou confirmando a oferta diretamente com a marca. No caso de dúvida ligue para a loja, ou dirija-se para validar a informação. Sites fraudulentos frequentemente utilizam este tipo de isco para recolher dados pessoais ou financeiros.
2. Utilize cartões virtuais ou métodos de pagamento seguros
Opte por métodos de pagamento que protejam os seus dados, como cartões virtuais criados pela aplicação MB WAY ou pelas aplicações de bancos que ofereçam este serviço. Estes cartões funcionam como substitutos temporários do seu cartão físico, permitindo definir limites de utilização e protegendo os dados reais do cartão. Alternativamente, pode utilizar plataformas como PayPal, que oferecem uma camada adicional de segurança ao intermediar os pagamentos.
3. Verifique a segurança dos sites
Certifique-se de que o site onde está a realizar a compra utiliza uma ligação segura. Um site confiável deve começar com “https://” e exibir um cadeado na barra de endereço do navegador. Estes sinais indicam que os dados são transmitidos de forma encriptada, dificultando a sua interceção. Contudo, estes elementos não garantem que o site seja legítimo, sendo necessário verificar também a reputação da loja na web bem como reclamações associadas.
4. Evite utilizar redes Wi-Fi públicas
Fazer compras online através de redes Wi-Fi públicas, como as de centros comerciais ou cafés, aumenta o risco de exposição dos seus dados a cibercriminosos. Utilize a sua rede móvel ou faça as suas transações apenas em redes seguras, como a sua ligação doméstica.
5. Atualize os dispositivos e utilize proteção anti-malware
Antes de iniciar as suas compras online, garanta que o sistema operativo do seu dispositivo está atualizado. As atualizações corrigem falhas de segurança conhecidas que podem ser exploradas por cibercriminosos. Além disso, certifique-se de que tem instalado software anti-malware confiável e mantenha-o atualizado para proteger os seus dados contra software malicioso.
6. Monitorize os movimentos da sua conta
Durante o período de compras, acompanhe regularmente o extrato bancário e os movimentos do seu cartão. Caso detete algum movimento que não reconheça, deve tomar medidas imediatas para proteger a sua conta de novas transações não autorizadas. Entre em contacto com o seu banco e informe-se sobre os procedimentos necessários, como bloqueio do cartão ou alteração de credenciais de acesso, de forma a prevenir mais problemas.
7. Evite guardar dados de pagamento em sites
Embora seja prático armazenar os dados do cartão de crédito para futuras compras, é mais seguro introduzi-los manualmente em cada transação. Isto reduz o risco de os seus dados ficarem expostos em caso de um ataque ao site.
Falar abertamente sobre cibersegurança não deve ser visto como um tabu. Quando discutimos estas questões, aumentamos a nossa consciencialização sobre os riscos e aprendemos a adotar comportamentos mais seguros. Ao partilhar informação, quebramos barreiras de desconhecimento e contribuímos para uma sociedade mais preparada e resiliente face aos desafios do mundo digital. A cibersegurança é uma responsabilidade partilhada e começa com cada um de nós. Neste momento de euforia em que procuramos a melhor oferta não deixe que seja a pior compra!
Palavras-chave:
A refeição começava sempre da mesma maneira. Os meus avós de costas para a mesa, em frente a uma Última Ceia, a recitar o Pai Nosso. E acabava quase sempre da mesma maneira. Ainda mal a sopa tinha sido servida e já eu me envolvia numa discussão que subia de tom. “À mesa não se fala de política”, repetia a minha avó Emília, entredentes, quase sussurrando para nos fazer baixar o tom. Inútil. O avô Alberto elevava a voz, exasperava-se. Eu não o deixava sem resposta. Era pouco mais do que uma criança, mas entrava no jogo, tentando desmontar-lhe os argumentos. Nunca nenhum dos dois se dava por vencido. E foi assim que comecei a gostar de política.
O avô Alberto era um salazarista convicto. Cresci a ouvir falar do corporativismo. Todos os natais, a conversa acabava na história do saneamento político do meu avô por causa da Revolução, nos sustos da Reforma Agrária, nos horrores do PREC. Soube primeiro do 28 de maio do que do 25 de Abril, que era naquela casa uma espécie de data maldita, que quase nos tinha lançado para o precipício. Mas eu sabia que essa era só uma parte da História, mesmo que em pequena quase só o intuísse e fosse preciso crescer para encontrar outros relatos vivos, outras testemunhas, outros prismas.
Só quem andou muito distraído nos últimos 50 anos pode achar que há datas consensuais no país. Em muitas outras mesas de consoada, outras crianças terão crescido como eu a ouvir relatos de um colonialismo bondoso e de um regresso à metrópole descrito como uma espoliação. Em muitas outras casas, outros meninos terão ouvido enaltecer uma lei e uma ordem fundadas no respeitinho e na ideia de que cada um é para o que nasce. A nem todas terá ocorrido pôr em causa essas narrativas. Nem todas terão percebido como foi dura a conquista da liberdade e como Abril foi uma porta que se abriu a caminho da paz, do pão, da saúde, da educação, da habitação.
Acontece que muitas pessoas, nascidas como eu depois da Revolução, sentiram na pele o que Abril trouxe. Muitos desses meninos passaram a ter uma casa digna desse nome, três refeições por dia e uma escola que as levou aonde aos seus pais nunca teria ocorrido chegar. Lembro-me bem da sensação de chegar à Universidade e perceber aí quão rara era a minha condição de menina que vinha de uma família onde não faltavam licenciados e bacharéis há várias gerações.
Eu percebi o privilégio. Talvez o tenha só intuído. Mas entendi que o lugar onde se nasce e a cor que se traz na pele nos faz chegar pelo menos a meio de um caminho, que para outros tem tantas pedras. E percebi. Talvez o tenha só intuído, que Abril metia medo precisamente a quem tinha visto ser posto em causa o privilégio, esse direito de nascença, que aos que o têm parece ser tão natural.
Não se percebe nada se não se perceber isto. Os consensos são fabricados, artificiais, construídos em cima do que se cala. A democracia é outra coisa. A democracia é o regime que se constrói nas maiorias, em respeito pelas minorias. A democracia precisa da igualdade (não só formal, mas também material) para respirar. É a retirada de direitos e o aumento das desigualdades que está a fazer desabar aquilo que levou quase meio século a construir.
Nada é eterno. Durante 48 anos, o meu avô acreditou viver naquele que era aos seus olhos o melhor e o mais justo dos regimes. Nesses anos, milhares de portugueses viveram na miséria, calados, com medo, com fome de tudo, mas sobretudo de liberdade. Eram muitos, mas não foram os suficientes. E talvez nunca tivessem sido, se a guerra colonial não tivesse tornado absolutamente insuportável o que até aí a maioria aguentava, mais ou menos resignada.
Temos de olhar o passado nos olhos. Lembrar o que alguns querem que seja esquecido, mesmo que doa. E perceber que a História está a ser continuamente refeita à medida de quem venceu. O que importa é saber para onde queremos ir, sem esquecer as lições de quem tanto sofreu para nos trazer até aqui. Eu não vou calar o que sei.
O futuro das cidades inteligentes e a transição para uma mobilidade elétrica estiveram no centro do debate durante o evento Maiores e Melhores do Portugal Tecnológico, promovido pela Exame Informática. O painel reuniu especialistas de várias áreas para abordar uma questão essencial: Portugal tem infraestruturas suficientes para responder às crescentes exigências energéticas? A discussão trouxe à tona desafios, mas também avanços e inovações que estão a moldar o panorama nacional.
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Carla Tavares, responsável pelos Centros de Inovação de Renováveis e Comercial da Galp, começou por sublinhar que o país está bem posicionado em termos de infraestrutura urbana, sendo um exemplo na densidade de postos de carregamento comparativamente a outros países.
No entanto, também apontou que a transição apresenta desafios distintos entre áreas urbanas e rurais. “Se não tivermos rede, não temos utilizadores; se não tivermos utilizadores, não há justificação para investimento na rede”, explicou. A especialista destacou que a utilização dos postos de carregamento ainda não atingiu os valores desejados, mas acredita que a inovação será a chave para superar estas barreiras.

Entre os projetos apresentados o Caxias Living Lab, um projeto da Galp, destacou-se como um exemplo prático e inovador. Esta comunidade energética-piloto, composta por 20 edifícios e 10 produtores de energia, em Caxias, utiliza mais de 200 painéis solares para gerar energia verde, que é armazenada em baterias descentralizadas e numa bateria comunitária de última geração.
Os eletrões verdes são usados para alimentar termoacumuladores elétricos, bombas de calor e carregadores de veículos elétricos. Após suprir as necessidades locais, a energia excedente é partilhada dentro da comunidade, aumentando a eficiência do consumo e reduzindo a dependência da rede elétrica em cerca de 30%.
Os resultados esperados incluem a produção anual de 140 MWh de energia limpa e a eliminação de 20 toneladas de emissões de CO2. Esta experiência em ambiente real integra também infraestruturas como o Mercado Municipal de Caxias, a Escola Básica Nossa Senhora do Vale e várias habitações privadas. Carla Tavares sublinhou que o projeto não só promove a sustentabilidade como também aproxima os cidadãos da transição energética, permitindo-lhes participar ativamente como produtores e consumidores de energia.
João Filipe Nunes, responsável pela área de clientes da E-Redes, reforçou a necessidade de assegurar que a energia utilizada pelos veículos elétricos seja de fonte renovável. “Se não tivermos energia renovável, não faz sentido falar em mobilidade elétrica”, afirmou. João Filipe Nunes realçou o aumento do autoconsumo em Portugal, que passou de 75 mil para 250 mil utilizadores em apenas três anos.
Este crescimento é acompanhado por investimentos em redes inteligentes, com a instalação de 25 mil contadores inteligentes diários no último ano. Estas redes permitem monitorizar e ajustar o comportamento energético em tempo real, aumentando a eficiência e o controlo sobre o consumo.

Por outro lado, Anabela Bento, gestora de desenvolvimento de negócios do ISQ, abordou o impacto da eficiência energética nos edifícios, uma área que representa 75% do consumo total de energia, segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Anabela Bento destacou que uma intervenção no parque imobiliário pode ser decisiva para reduzir o consumo energético. “Esta eficiência pode passar pela substituição de materiais no fim de vida e pelo desenvolvimento de modelos de negócio circulares, como o eco-design e soluções de energia como serviço”, explicou.
A gestora apresentou ainda exemplos de projetos do ISQ focados na sustentabilidade urbana, como o uso de espaços verdes para sombreamento, a promoção de luz natural nos edifícios e a monitorização do consumo energético para uma gestão mais eficiente. “Cidades mais sustentáveis tornam-se mais interessantes para investir e viver”, sublinhou.
João Filipe Nunes complementou esta visão ao referir que a flexibilidade dos consumidores será um pilar essencial para o futuro. Projetos da E-Redes procuram envolver os cidadãos na gestão da rede, permitindo que estes possam carregar, vender e partilhar energia de forma mais ativa e eficiente.
Anabela Bento destacou ainda que a sustentabilidade não é apenas uma necessidade ambiental, mas também um fator de competitividade. “Ser sustentável vende melhor, é mais atrativo e traz vantagens como reduções fiscais. Se todo o ecossistema for sustentável, as cidades terão mais capacidade de atrair investimentos”, concluiu.

O debate terminou com uma visão otimista sobre os próximos anos, marcada pela aposta em tecnologia para facilitar a transição energética sem complicar a vida dos utilizadores. “A maioria das pessoas não tem noção de que já é possível viver de forma mais sustentável, desde que as soluções sejam simples e acessíveis”, resumiu Carla Tavares. Já Anabela Bento apontou a importância das parcerias entre empresas para enfrentar os desafios globais: “juntos, podemos fazer mais pelo planeta e melhorar a nossa qualidade de vida”.
Palavras-chave:
A partida para a aventura é junto ao Cabo de São Vicente, em Sagres, o extremo sudoeste de Portugal continental. Daquele ponto simbólico e histórico, rodeado pelo imenso Atlântico, os atletas do ALUT – Algarviana Ultra Trail partem à descoberta do Algarve profundo, por trilhos agrestes, longe da azáfama do litoral, atingindo os três picos mais elevados da região (as serras do Caldeirão, Monchique e Espinhaço de Cão), até chegarem ao município raiano de Alcoutim e às margens do rio Guadiana. Um desafio para valentes, de 308 quilómetros, percorridos num tempo limite de 72 horas, de 28 de novembro a 1 de dezembro. O recorde é de umas impressionantes 38 horas, pertencente ao ultramaratonista escocês Paul Giblin.
A maioria do percurso coincide com a Via Algarviana, a grande rota pedestre que cruza o País (na horizontal) de uma ponta à outra, passando por nove concelhos. “Apesar de sermos um país pequeno, essa travessia tem um significado especial”, sublinha Bruno Rodrigues, diretor da prova. “Vamos por um Portugal desconhecido e esquecido, e passamos por pequenas aldeias no interior algarvio, semidesertas, ainda muito genuínas”, descreve. Para muitos dos atletas, e para quem está a acompanhá-los e a assistir, é uma revelação.

A promoção turística, fora da época alta, é um extra de uma das provas mais árduas deste género, realizadas em Portugal. Estima-se que, em 2023, o contributo para a economia local tenha rondado os 55 mil euros. Ao longo das sete edições, “o ALUT foi crescendo em número de participantes, mas temos um limite de 100 atletas, aquele número em que conseguimos garantir a qualidade do evento, acompanhar todos os atletas com segurança, ao nível de todo o percurso, e tratá-los por tu”, acrescenta. Facilmente esgotaram as inscrições, sendo que cerca de 40% dos participantes desta edição são estrangeiros. “Temos todo o tipo de atletas, da elite mundial e nacional, embora a maioria seja de pelotão”, diz Bruno Rodrigues.
No ano passado, cerca de 70% conseguiu concluir a prova, sendo que esta pode ser feita a solo ou em equipas de estafetas de quatro elementos. “À partida, vê-se o medo do desconhecido nos olhos, mas queremos que todos cheguem ao fim, por isso há um espírito de grande entreajuda”, acrescenta.
Normalmente, percorrem 100 quilómetros por dia, parando por poucos minutos para se alimentarem ou descansarem. “Entre o primeiro e o último concorrente, chegam a estar mais de 24 horas de distância, o que é muito complexo para a organização”, indica o responsável.
Emancipação feminina
As mulheres têm igualmente aumentado as participações (nesta edição serão 26). Fátima Gonçalves, 57 anos, há dez anos que entra em provas de ultra trail. “Tinha uma vida muito sedentária, era uma workaholic assumida”, recorda, ela que, apesar de se descrever como uma “atleta de pelotão”, já alcançou o pódio do ALUT.
Em conjunto com o marido, começou por realizar provas pequenas, passou depois para meias-maratonas e maratonas, de seguida para trail running (corridas, essencialmente, pelo meio da natureza), até chegar às provas mais exigentes, em terreno natural, cuja distância supera os 42 quilómetros da maratona. “Temos progredido em conjunto, o que tem sido muito bom”, conta. “A enorme vantagem das provas de trail é que conhecemos caminhos tão especiais e passamos por experiências que nunca imaginaríamos viver”, sublinha.
Entretanto, Fátima teve o seu momento de “emancipação”, precisamente no ALUT. Apesar de o percurso coincidente com a Via Algarviana se encontrar sinalizado, outra parte necessita da orientação através de um equipamento GPS. “Da primeira vez, nem sabia usá-lo, seguia o meu marido”, recorda. “A meio da prova, ele não conseguia avançar mais, estava cheio de bolhas nos pés. Como estava tão entusiasmada, encorajou-me a continuar, pôs-me o relógio no braço e ensinou-me como funcionava… ganhei fôlego e fui.”
Nunca irá esquecer o sentimento de superação. “Não é só o atravessar a meta, é olhar para trás, ver como gerimos as sensações e ultrapassamos os desafios. Muitas vezes, nem interessa o lugar em que fico, quero é dar o melhor de mim.”
No Algarve profundo
O ALUT realiza-se em regime de semiautonomia, isto é, sem recurso a ajuda externa fora das bases de apoio – existem nove, em localidades rurais com nomes castiços como Furnazinhos, Cachopo, Barranco Velho e Marmelete. Com o desgaste sofrido, há que repor as calorias e nos postos de abastecimento não faltam iguarias da região para alimentar os corredores, dos enchidos ao atum, das amêndoas ao mel, passando pelas sopas, feitas com hortaliças colhidas bem perto do percurso e preparadas pela população local. “Nunca lá passa ninguém e os habitantes querem fazer parte da festa, de alguma forma”, conta Bruno Rodrigues. “Nos locais por onde a prova passa, vão para as portas, colocam água nas janelas… há toda uma dinâmica que é muito emocionante.”

Fátima Gonçalves lembra-se da senhora que insistiu para levar um saco de nêsperas durante a corrida ou da velhinha, muito surpreendida, quando a viu chegar do meio da serra, ainda mal o sol se tinha levantado. “Vem da serra nesses preparos? Não teve medo?”, perguntou, ela que sempre ali viveu isolada. “São experiências incríveis. De facto, corremos durante a noite, ouvimos sons, imaginamos os animais que passam e aprendemos a conviver com isso tudo.”
Vem-lhe à memória um percalço na segunda vez que fez o ALUT, a cerca de dez quilómetros da meta. “Tinha de atravessar um ribeiro e não conseguia ver onde era a passagem, porque avariou o frontal [a luz na cabeça] e a vegetação era alta. Estive duas horas às voltas, pensei que ia ficar por ali.” Com outros companheiros, lá conseguiu varrer o terreno e encontrar uma saída. O esforço compensou: o segundo lugar entre as concorrentes femininas estava à sua espera.
1. Mercado de Natal do Campo Pequeno

Há mais de uma década que o Mercado de Natal do Campo Pequeno, em Lisboa, faz parte do roteiro de compras de Natal.
Nesta edição, sob o mote Celebrar o Natal, Embrulhar o Amor, estão reunidas uma série de marcas, artesãos e projetos nas áreas da cerâmica, moda, plantas, ilustração, joalharia e design, mas também há vinhos, produtos gourmet, livros e brinquedos. A Sabores da Aldeia traz os seus temperos; se preferir uma peça de cerâmica, está lá a Trama Studio; na Fio Água encontra uma série de t-shirts ilustradas, e na Maria Papaia, uma seleção de peças de vestuário e acessórios femininos. E isto é só para abrir o apetite. Sagres Campo Pequeno > Pç. do Campo Pequeno, Lisboa > 28 nov-8 dez, qui-dom 11h-21h > €2 (com um vale de desconto de €1 para usar em compras iguais ou superiores a €10), até aos 12 anos grátis
2. So! Christmas
Neste sábado, 30, o Prata Riverside Village acende as luzes e a árvore de Natal e acompanha o dia com um mercado. A iniciativa, batizada de So! Christmas, inclui ainda workshops de decoração de Natal com Madalena Pequito, encontros com o Pai Natal, animação circense pelos artistas do Chapitô, e música, com a atuação do Quarteto Tágide. Praça central Prata Riverside Village, Lisboa > 30 nov, sáb 14h-20h > grátis
3. Mercado de Vinhos

Os antigos armazéns de vinho Abel Pereira da Fonseca, transformados no 8 Marvila, recebem neste fim de semana, 30 de novembro e 1 de dezembro, um Mercado de Vinhos. São mais de 100 pequenos e médios produtores nacionais que vão estar presentes e a representar as várias zonas vitivinícolas do País. Também haverá provas comentadas e sessões para aprender a provar o vinho com a Associação dos Escanções de Portugal. A região de Trás-os-Montes é a convidada desta edição e organiza cinco provas especiais para descobrir os seus vinhos. Todas as compras feitas no mercado vão poder ser enviadas para qualquer localização, nacional ou no estrangeiro, com condições especiais, ideal para facilitar a entrega das compras de Natal. 8 Marvila > Pç. David Leandro da Silva, 8, Lisboa > 30 nov-1 dez, sáb 13h-21h, dom 12h-20h > €10, €15 (no local) > provas especiais de Trás-os-Montes e sessão Água mineral e vinho, grátis, inscrição através do email inscricoes@mercadodevinhos.pt > aprender a provar €10
4. Há Livros no Palácio

À segunda edição, a iniciativa Há Livros no Palácio leva cinco livrarias até Benfica, ao belíssimo Palácio Fronteira. E são elas: Snob, Tigre de Papel, Livraria da Lapa, Leituria e De A a Zola. Os livros, novos e manuseados, vão estar na Sala das Batalhas e há obras de ficção, literatura infantil, poesia, ensaio, biografias, entre outras sugestões de leitura, para toda a família. Por cada livro comprado, é oferecido um desconto de 50% na visita aos jardins, nesse mesmo dia. A organização é da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna e da livraria online De A a Zola. Palácio Fronteira > Lg. São Domingos de Benfica, 1, Lisboa > 7-8 dez, sáb-dom 10h-18h
5. Mirari’s Christmas Market
O projeto Mirari, instalado numa antiga fábrica lisboeta, em Alcântara, volta a organizar um mercado dedicado à quadra natalícia que vem acompanhado de DJ sets, música ao vivo, food trucks com comida variada e oficinas criativas e animação infantil. De quarta a sábado, nos dias 4 a 7, 11 a 14 e 18 a 21, conte-se ainda com artigos vintage, vinis, música ao vivo e o Pai Natal. A entrada no Mirari’s Christmas Market é grátis. As atividades para crianças (castelo insuflável, jogos e animação) acontecem aos sábados, entre o meio-dia e as 17 horas, e são pagas. Av. 24 de Julho, 170, Lisboa > 4-7, 11-14, 18-21 dez, qua-sex 16h-22h, sáb 12h-22h > grátis, atividades infantis aos sábados são pagas
6. Lisbon Vegan Market
A Fábrica do Prata de Prata recebe, nos dias 7 e 8, o Lisbon Vegan Market. Nesse fim de semana, as compras são conscientes com aposta nos produtos sustentáveis, gastronomia vegan e animação para toda a família. Fábrica do Braço de Prata, R. da Fábrica do Material de Guerra, 1, Lisboa > 7-8 dez, sáb-dom 11h-18h > grátis
7. Rossio Christmas Market
Na baixa lisboeta, a Praça D. Pedro IV, volta a receber a magia do Natal com mais uma edição do Rossio Christmas Market. Até domingo, 22, a zona central da praça está preenchida com 70 casinhas de madeira com propostas variadas para as compras de Natal, joalharia, peças em cortiça, produtos gourmet, cerâmica, artesanato. Crepes, empadas, petiscos de Arraiolos, gastronomia da Serra da Estrela, fumeiro artesanal de Seia, ginjinha, sangria ou chocolate quente, são algumas das propostas na área da restauração. A isto, temos ainda que juntar a Casa do Pai do Natal, atuações musicais, a exposição de Natal do Hospital da Bonecas e o comboio de Natal. As viagens são gratuitas e feitas num veículo 100% elétrico que circula todos os dias entre as 15h e as 22h. Pç. D. Pedro IV, Lisboa > até 22 dez, dom-qui 10h-22h, sex-sáb, véspera de feriado 10h-23h > grátis
8. Figueira Christmas Gourmet
Outro mercado que está de regresso é o Figueira Christmas Gourmet, que assenta arraiais até sábado, 21, na Praça da Figueira, na baixa lisboeta. Neste recinto, brilham os sabores com várias bancas dedicadas à gastronomia. Sejam doces ou salgados, enchidos ou queijos, comida tradicional ou comida de rua, há de tudo um pouco para comprar ou comer no local. Na zona central, mesas e bancos convidam a degustar e confratenizar sem tempo contado. A isto, acrescente-se os showcookings dirigidos por vários chefes, pasteleiros e chocolateiros, para aprender receitas inspiradas na quadra, mas não só. Neste domingo, 1, às 17h, há showcooking pela chefe Joana Byscaia, mas por lá vão passar Pedro Mendes, Augusto Gemelli, o mestre chocolateiro Francisco Siopa, entre outros. Pç. da Figueira, Lisboa > até 21 dez, seg-dom 10h-21h > grátis
9. Ímpar Market

Na Lx Factory, há um mercado pop-up nos dias 7 e 8. A curadoria é de Mafalda Patrício e Rita Montezuma que reuniram mais de 60 marcas nacionais e internacionais de vestuário, acessórios, calçado e joalharia. Conscious The Label, Antimilk, Le Mot, Inedit Design, Sienna, Zilian, Bontön, Kanoa, All Things Mochi, Wheat & Rose, Knot Kids, Bargi, Torres Novas, Sister Department, More is Better, House of Curated e Paez, são alguns dos projetos que marcam presença nesta iniciativa, onde também não vai faltar comida e bebida. Lx Factory, R. Rodrigues Faria, Lisboa > 7-8 dez, sáb-dom a partir das 10h > €2 (€1 reverte para a Associação Acreditar)
10. Mercado de Natal de Alvalade

Na próxima sexta, 6, às 18h, inaugura o Mercado de Natal de Alvalade, na engalanada Avenida da Igreja. Este ano, são 62 os comerciantes que se juntam à festa com propostas variadas nas áreas da bijuteria, acessórios, produtos tradicionais e gourmet, artesanato, brinquedos, roupa de criança, entre outros artigos. Do programa constam ainda workshops com ideias natalícias e sustentáveis, música, gastronomia, animação de rua, o mercado de Natal da América Latina (dia 7), a Christmas Bike Tour by Night (dia 13), pinturas faciais e esculturas de balões (dia 14) e a Casa do Pai Natal. Av. da Igreja, Lisboa > 6-17 dez, sex-ter 10h-20h > grátis
11. Feira do Livro de Fotografia de Lisboa

Desta sexta, 29, a domingo, 1, decorre a 14ª edição da Feira do Livro de Fotografia de Lisboa, no Arquivo Municipal de Lisboa – Fotográfico. Durante três dias, haverá edições nacionais de fotolivros e de fotozines, em especial as independentes e de autor, assim como exposições e um mercado com novidades e raridades, trazidas por três livrarias e 12 editoras. Arquivo Municipal de Lisboa – Fotográfico > R. da Palma, 246, Lisboa > 9 nov-1 dez, sex 17h-20h, sáb-dom 11h-20h > grátis
12. Winter Market Stylista, Estoril
Na FIARTIL, no Estoril, Maria Guedes reúne mais de 100 marcas, na maioria nacionais, a pensar nas prendas de Natal para ele, para ela, para as crianças e para a casa. O Winter Market Stylista acontece neste fim de semana, dias 30 de novembro e 1 de dezembro, e traz novidades como a marca de calçado Atlanta Mocassin, o azeite orgânico Fundamento, a linha de mesa (toalhas e individuais) da Inedit Design, os casacos, blusões e parkas da coleção Off Summer da Futah. Fiartil – Feira de Artesanato do Estoril > Av. Amaral, Estoril > 30 nov-1 dez, sáb-dom 10h-19h > €3
13. Mercado de Natal de Almada
Na Praça São João Baptista acontece o Mercado de Natal de Almada. A inauguração está marcada para dia 6, mas a festa, que inclui tasquinhas, animação e claro várias barraquinhas de comércio, dura até à véspera de Natal, dia 24 de dezembro. Pç. São João Baptista, Almada > 6-24 dez, seg-qui 12h-22h, sex 12h-23h, sáb 10h30-23h, dom 10h30-22h, dia 24, 10h30-15h > grátis
1. EcoMassage & Estetics
Relaxamento

Descemos a rua com a sensação de levar o peso do mundo às costas. Nós e talvez muitos dos que chegam ao balcão deste projeto do venezuelano Saúl García, que começou por abrir em Lisboa e se estendeu ao Porto. “O conceito é de uma massagem no momento”, esclarece a diretora de operações, María Rincón. A EcoMassage – a massagem que experimentámos – é uma das mais procuradas neste spa aberto para a rua. “No início, vamos procurar as contraturas ou dores. Depois de as tratarmos, passamos para a etapa de relaxamento”, explica o fisioterapeuta chileno Guillermo González, em voz baixa e pausada. “O objetivo é libertar as tensões para melhorar a mobilidade, desde o ombro ao antebraço até à mão.”
Com dois pisos e oito salas de tratamento, este spa quer cuidar do corpo com propostas para quem não tem muito tempo mas necessita de tratar as más posturas (têm massagens na cadeira; cabeça, ombros e costas…), ou até as emoções, através da terapia emocional ao som de taças tibetanas. R. 31 de janeiro, 210, Porto > T. 91 911 0779 > R. Áurea, 260, e R. dos Fanqueiros, 110, Lisboa > seg-dom 10h-22h > a partir de €40
2. Spa by L’Occitane Casa da Companhia
Detox
Cheira a flores mal se entra no novo Spa by L’Occitane do hotel Casa da Companhia. A “culpa” é dos campos perfumados de lavanda do Sudeste de França, onde nasceu a marca de produtos à base de óleos essenciais e ingredientes naturais que dá nome ao spa com porta direta para a Rua das Flores, no Porto.
Escolhemos uma massagem detox indicada para “estimular a circulação e trazer maior leveza às pernas”, sugere Juliana Leitão, a responsável. Por todo o lado há flores, sobretudo lavanda e immortelle, a planta amarela com notas florais e mel que cresce nos campos da Córsega.
“Tem benefícios especialmente para os tratamentos de rosto”, diz Juliana enquanto pulveriza a sala com aroma de lavanda e bergamota. Escolhemos o óleo de semente de uva com essência de menta e pinho (os óleos são selecionados pelo cliente). Juliana, fisioterapeuta, começa por passar uma toalha quente nos pés antes da massagem que se faz com movimentos lentos, mas precisos, nas pernas, “sempre de baixo para cima”, de modo a encaminhar o excesso de líquidos corporais em direção aos gânglios linfáticos. “É indicada para quem passa muitas horas sentado, de pé ou tenha andado bastante pela cidade. Vai sair daqui mais leve”, assegurava. Meia hora depois, confirmámos o veredicto. R. das Flores, 69, Porto > T. 22 976 1020 > seg-sáb 11h-19h30, dom 10h-18h30 > a partir de €60
3. CitySpa
Kobido (lifting japonês)

Ainda não passámos da receção e já sentimos o cheiro da erva-príncipe. O aroma cítrico ajuda a relaxar e está presente nos corredores e gabinetes deste day spa pensado para quem quer mimar-se mas não tem muito tempo a perder. Madeira natural forra os três gabinetes onde tanto se estende um tatami no chão para uma vigorosa e intensa massagem ayurvédica, seguindo os ensinamentos da medicinal tradicional indiana, como se põem duas marquesas lado a lado para uma massagem em casal ou de mãe e filha (os menores de 16 anos só podem frequentar o CitySpa acompanhados de um adulto).
Não sendo um spa de hotel, aqui existe um pequeno hammam, uma sala com duche de Vichy e uma zona de estar, onde nos servem água, chá e bolinhos. As massagens relaxantes e os tratamentos faciais são os mais procurados, dizem-nos. Nesta última categoria, encontra-se o kobido: através de movimentos que vão desde a face ao pescoço, esta técnica japonesa tem uma ação relaxante e dá vitalidade à pele (€50/25 min.). O CitySpa faz parte da cadeia portuguesa TopSpa, com unidades em Lisboa, Porto, Óbidos e Olhos de Água (Algarve). É o único fora de um hotel e, desde 2014, tem constado na lista dos World Luxury Spa Awards. R. Gonçalves Zarco, 19A, Lisboa > T. 300 509 162 > seg-sáb 10h-19h > a partir de €50
4. Boutique Spa Caudalie
O poder da vinoterapia

Mais do que uma loja da marca francesa de cosmética, esta boutique funciona como um cartão de visita dos cuidados de rosto e corpo baseados na vinoterapia, que conjuga os ativos naturais obtidos da videira e da uva (com propriedades antioxidantes e regenerativas) com rituais de tratamento. A melhor parte está à distância de dois lances de escadas. No piso subterrâneo, deixamos para trás o caos de Lisboa. Os dois gabinetes de tratamento recriam o ambiente da casa-mãe, em Bordéus. Aqui, nada foi deixado ao acaso – das marquesas aquecidas à disposição das toalhas. Nem mesmo o papel de parede, criado em exclusivo para a Caudalie.
Quem chega começa por obter uma avaliação da pele, feita com um scanner. O aparelho regista uma série de parâmetros – poros, acne, rugas, sensibilidade… – e, com estes dados, aconselham o tratamento adequado. Existem seis de rosto, desde o mais exclusivo, o Premier Cru, para combater o envelhecimento da pele, ao Vinopure, para purificar e libertar as imperfeições. Do lado do corpo, as quatro opções incluem esfoliação, hidratação, ação refirmante e relaxamento para grávidas. Estes rituais estão disponíveis em Lisboa, enquanto no Porto a parceria de longa data com o spa do The Yeatman já disponibilizava o mesmo serviço, antes da abertura de uma casa própria no final de 2021. R. de São Pedro de Alcântara, 39, Lisboa > T. 91 434 0601 > Lg. São Domingos, 99, Porto > T. 92 669 5589 > seg-qua e dom 10h-19h, qui-sab 10h-20h > €98/50 min., €140/80 min.
5. Wedo Massage
Massagem tailandesa
O estúdio na Rua do Bonjardim é o mais recente dos quatro que a Wedo abriu no Porto com o objetivo de democratizar as terapias holísticas com tratamentos a baixo custo. Entre vitrais que evocam os Descobrimentos e uma sala com nuvens no teto, entregamo-nos nas mãos da filipina Mimi que começa por nos lavar os pés e entregar uma roupa confortável, facilitando os movimentos para a massagem Thai (€60/60 min.). Já deitados no chão, Mimi procura as tensões acumuladas exercendo pressão com a palma das mãos, os polegares, o peso dos cotovelos e dos joelhos nas costas. Uma sequência de alongamentos de braços e de pernas desbloqueia o corpo. “Are you OK?”, vai-nos perguntando. À saída, enquanto nos serve água ou chá, olhamos para o bulício da cidade e desejamos ficar aqui. R. do Bonjardim, 584, R. de 31 de Janeiro, 134, R. de São João, 25, R. de Santa Catarina, 356, 1.º, Porto > T. 93 370 1010 > a partir de €35
6. Elohim Massage e Spa
Ritual Oshun

Rubia Preizal, lusodescendente nascida em França, veio a Lisboa passar uma temporada para aprender português. Acabou por trocar Paris pela capital e, com a mãe, abriu há 11 anos o Elohim. Num primeiro andar decorado ao estilo asiático, conjugam-se terapias alternativas (reflexologia, reiki, osteopatia), massagens de relaxamento (pedras quentes, velas, a quatro mãos, óleo quente), terapêuticas (desportiva, com ventosas, drenagem linfática, para grávidas) e orientais (ayurvédica, shiatsu, tailandesa, tui na). “As pessoas vivem numa agitação constante. Muitas procuram as massagens para se sentirem melhor, seja para tratar uma dor ou porque têm insónias ou sentem ansiedade. Acreditamos numa visão do bem-estar mais próxima das culturas orientais: antecipar e cuidar”, diz Rubia.
Em seis gabinetes de cores quentes, as terapeutas certificadas utilizam cremes e óleos orgânicos. A variedade de massagens e tratamentos é generosa, dando a possibilidade de escolher consoante a necessidade, o tempo disponível e até se quer fazê-lo sozinho, a dois ou com um grupo de amigos (os preços começam nos 40 euros, valor de uma massagem individual relaxante ou terapêutica de 30 minutos). Os Rituais (a partir de €85) são uma combinação de dois mundos perfeitos. O Oshun começa com uma esfoliação de 30 minutos, seguida de uma massagem de uma hora, deixando o corpo relaxado e a pele macia. Lg. do Rato, 3, 1.° Dto., Lisboa > T. 21 386 0708 > eloim.pt > a partir de €40
7. Thai Sensation
Reflexologia
Há um ano, Kanya, de 35 anos, trocou a terra natal, a 300 quilómetros de Banguecoque, pelo Porto. É ela quem nos aguarda no único estúdio na cidade da marca (há vários em Lisboa) que aposta em técnicas da massagem tailandesa, Património Cultural Imaterial da Humanidade. Com movimentos circulares feitos com os polegares, Kanya estimula a circulação sanguínea de uma parte do nosso corpo mal-amada, com 28 ossos, 30 articulações e mais de 100 músculos, tendões e ligamentos.

“Os pés são centro de muitos nervos. Esta massagem relaxa os tendões e melhora a circulação”, diz-nos, em inglês. Aos poucos, ao som de água a correr, vamos sentindo a pressão dos seus dedos a tocar em pequenos músculos que desconhecíamos, desde a planta do pé ao calcanhar e à perna onde se encontra o tendão de Aquiles tantas vezes maltratado devido às tensões diárias. R. de Santos Pousada, 761, Porto > T. 91 245 9380 > Areeiro, Baixa, Chiado e Parque das Nações (Lisboa), Estoril, Cascais, Braga e Barcelos > a partir de €20
8. Phuket Thai Massage
Relaxamento
Aposta sobretudo na massagem tailandesa, mas “a arte do alongamento e da pressão profunda”, como a descrevem, não era exatamente o que tínhamos em mente. Preferimos a massagem de relaxamento, “menos vigorosa”, explicam-nos em inglês. Sobre o balcão do Phuket Thai Massage, numa transversal do Campo Pequeno, em Lisboa, o menu inclui outras opções (desportiva, pés…) e existe a possibilidade de escolher a duração da sessão – 30, 60 ou 90 minutos. O momento, no final de um dia de trabalho, há de se prolongar por uma hora, embalado por música oriental. Primeiro de barriga para baixo, depois de barriga para cima, as mãos de “Rosita” percorrem o nosso corpo, dos pés à cabeça. Terminada a sessão, oferecem sempre um chá ou uma água. R. de Entrecampos, 5A, Lisboa > T. 21 796 1784 > seg.dom 10h-21h > a partir de €30 (30 min.)
Palavras-chave:
1. Urban Market X 3, Porto
Este ano, são três os mercados de Natal organizados pelo Urban Market no Porto, que reúnem dezenas de marcas portuguesas na área do design de produto, têxtil, joalharia, iluminação e ilustração. Dois começam já nesta sexta, 29: um no Palácio das Artes (até 8 dez) e outro no Time Out Market (até 5 jan). Neste último, às bancas instaladas na praça exterior, juntam-se animação com concertos de música, workshops e iniciativas gastronómicas preparadas pelos chefes de cozinha dos restaurantes do mercado. Já de 13 a 23 de dezembro, o palco será o Ateneu Comercial do Porto. Palácio das Artes, Lg. São Domingos, Porto > 29 nov-8 dez, seg-dom 10h-19h > Time Out Market Porto > 29 nov-5 jan, seg-qui 12h-21h, sex 12h-24h, sáb 10h-24h, dom 10h-21h > Ateneu Comercial do Porto, R. Passos Manuel, 44, Porto > 13-23 dez, seg-sex 10h-20h > grátis
2. Mercado de Natal na Cordoaria, Porto
Quarenta e dois artesãos levam as suas artes e produtos às barraquinhas montadas no Jardim de João Chagas, na Cordoaria, e no Largo Amor de Perdição. Em paralelo, nas Tendas de Natal e de Cristal decorrem atividades para toda a família: espetáculos de música, dança, teatro e novo circo, além de oficinas. A Casa do Pai Natal, a pista de gelo natural e o carrossel parisiense (de entrada livre) são outros atrativos nesta época. Jardim de João Chagas e Lg. Amor de Perdição > 30 nov-23 dez, seg-qui 11h-20h, sex 11h-21h, sáb 10h-21h, dom 10h-20h > grátis
3. Mercado de Natal de Serralves, Porto
Está de volta o tradicional mercado de Natal promovido pela Fundação de Serralves. Neste fim de semana, 30 nov e 1 dez, o parque de Serralves volta a ser o palco de 50 expositores (um número maior do que habitual) com uma seleção de produtos de design, gourmet, brinquedos, decoração, entre outros, com aposta na sustentabilidade. Durante os dois dias, haverá oficinas em contínuo para crianças (sáb e dom), a performance de DJ Urânio & Albert Tannat – Mistura (sáb, 17h) e um concerto do Quarteto de Saxofones da Banda Sinfónica Portuguesa (dom, 15h30). Parque de Serralves, R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 30 nov-1 dez, sáb-dom 10h-19h > grátis
4. Mercado de Natal na Praça da Batalha, Porto
A sétima edição deste mercado de Natal volta a assentar uma dezena de bancas de artesãos na Praça da Batalha. Além de vestuário, chapelaria e marroquinaria, terá jogos, decoração, cosmética e gastronomia. Não faltará o vinho quente para aquecer os dias frios de dezembro. Pç. da Batalha, Porto > 29 nov-29 dez > dom-qui 10h-20h, sex 10h-21h > grátis
5. Christmas Wine Experience, Vila Nova de Gaia
O The Yeatman Hotel volta a receber o 13º mercado de Natal dedicado ao vinho. Neste sábado e domingo, 30 de novembro e 1 de dezembro, uma centena de produtores terão mais de 200 referências de vinho portuguesas à prova (e à venda). O Christmas Wine Experience inclui ainda um bazar de Natal com marcas nacionais entre joalharia, têxtil, perfumaria ou cerâmica. Para acompanhar as compras, conte-se com vários petiscos preparados pelo chefe Ricardo Costa: caldo verde, canja de galinha, pastéis de bacalhau, bifanas à moda do Porto, prego de vitela com presunto e queijo da Serra, sanduíches de porco bísaro e de leitão, ou, entre outros, bola de Berlim com rabo de boi. Haverá ainda castanhas assadas e doces conventuais da época (pudim abade de Priscos, filhoses, rabanadas, ovos-moles de Aveiro ou bolo-rei. The Yeatman Hotel > R. de Choupelo, Vila Nova de Gaia > 30 nov-1 dez, sáb-dom 15h-19h > €75
6. Boeira Wonderland, Vila Nova de Gaia
Os três hectares de jardins do Boeira Garden Hotel, transformam-se numa aldeia de Natal com muito onde se entreter nesta quadra. Além do Mercadinho Mágico de Natal com presentes especiais, não falta a Casa Encantada do Pai Natal, um trenó, experiências de realidade virtual, uma floresta negra, insufláveis e uma zona temática da Disney dedicada ao filme Vaiana 2. Boeira Garden Hotel > R. Teixeira Lopes, 114, Vila Nova de Gaia > 30 nov-5 jan (encerra dias 24, 25, 27 e 31 dez), seg-sex 15h-24h, sáb-dom 9h-24h > bilhetes: €11,90
7. Archimarket – O Natal na Casa, em Matosinhos
A Casa da Arquitectura organiza um mercado de Natal neste sábado e domingo, 30 de novembro e 1 de dezembro. Com uma aposta no design, conte-se com produtos de iluminação, joalharia, obra gráfica, mobiliário, cerâmica, peças decorativas, brinquedos didáticos, ou de vestuário, de marcas como Joana Dias de Almeida, Jéssica Dias, Ana Bragança, Maria Tigela, Mel Jewel, Vintage Design e Mental (com peças do arquiteto Nuno Brandão Costa). A acompanhar o mercado haverá oficinas para crianças, performances da Academia de Dança de Matosinhos e um concerto da Orquestra Orff do Porto. Casa da Arquitectura > Av. Menéres, 456, Matosinhos > T. 22 766 9300 > 30 nov-1 dez, sáb-dom 10h-20h > grátis
8. Feira de Artesanato, Matosinhos
A 29ª edição da Feira de Artesanato de Matosinhos (FAMA) reúne mais de 80 expositores oriundos de todo o País que ali levam desde peças tradicionais feitas à mão (vestuário, decoração em madeira, joalharia), a livros, queijos, enchidos e chocolates. Jardim Basílio Teles, Matosinhos > até 23 dez, dom-qui 11h-19h30, sex-sáb e véspera feriado 12h-23h > grátis
9. Mercado em Sezim – Xmas Edition, Guimarães

Mais de 50 marcas de vestuário, têxtil, decoração, flores e de animais, espalham-se por uma área de 630 metros quadrados no pátio desta casa colonial dedicada ao turismo rural e à produção de vinho Verde. Neste edifício que é monumento de interesse municipal, não faltará a doçaria e a música. O mercado terá um espaço dedicado às crianças e uma zona pet friendly. Casa de Sezim > R. de Sezim, Guimarães > T. 253 523 000 > 7-8 dez, sáb-dom 11h-119h > grátis
10. Exposição/Venda Presépios de Portugal, Vila do Conde
Organizada pela Associação para a Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde, a exposição conta com 75 artesãos de todo o País que expõem os seus presépios numa mostra sempre muito aguardada por colecionadores. Este ano, ao longo da mostra, será construído um presépio com cerca de dois metros de altura. Quem pretenda, poderá adquirir presépios através da loja online. Auditório Municipal, Pç. da República, Vila do Conde > 30 nov-23 dez, seg-dom 14h-19h > grátis
Palavras-chave:
A academia, os media e o farto comentariado televisivo falam demasiado do ” quarteto do caos“, referindo-se à China, à Rússia, ao Irão e à Coreia do Norte. À boa maneira maniqueísta e politicamente correta, há uns vilões que põem em causa a ordem internacional e depois há uns virtuosos – do chamado Ocidente – que se julgam acima de qualquer crítica e que julgam ter a missão de evangelizar todo o planeta em matéria de democracia.
Como não estamos aqui para falar de esoterismos geopolíticos, vamos ao que interessa. Quem representa hoje a maior ameaça a Xi Jinping (presidente chinês), a Vladimir Putin (Presidente russo), a Ali Khamenei (líder supremo do Irão) e a Kim Jong Un (o jovem ditador de Pyongyang)? O melhor é alargarmos a questão a outros autocratas, por serem cada vez mais, um pouco por todo o lado. Quem são as personalidades que realmente assustam Hibatullah Akhunzada (mulá que dirige o Afeganistão), Aleksander Lukashenko (Presidente da Bielorrússia), Nicolás Maduro (Presidente da Venezuela), Mohamed bin Salman (principe herdeiro e líder de facto da Arábia Saudita), Miguel Díaz Canel (Presidente de Cuba), Isaias Afewerki (Presidente da Eritreia) ou Kaïs Saïed (Presidente da Tunísia? Se pensa que a resposta passa por Joe Biden, Donald Trump, Emmanuel Macron, Keir Starmer, Olaf Scholz ou Ursula von der Leyen, o melhor é pensar em alternativas. E elas são muitas, centenas de milhar. Estamos a falar de prisioneiras políticas, de prisioneiras de consciência, de mulheres que lutaram e lutam contra a discriminação e por sociedades livres e justas, não se confinando às questões de género. É por elas que hoje se assinala o Dia Internacional das Defensoras dos Direitos Humanos, uma data especial e pouco conhecida, formalizada oficialmente na resolução 68/181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, em dezembro de 2013.
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Palavras-chave:
António Costa já escolheu nove pessoas para o seu gabinete no Conselho Europeu, mas o processo de recrutamento continua. “A composição completa, incluindo nomes e funções da equipa que vai trabalhar com o presidente, será publicada a 1 de dezembro no site do Conselho Europeu”, explica à VISÃO Maria Tomasik, a polaca que já está a trabalhar como porta-voz de Costa. Nos bastidores, os contactos multiplicam-se e os currículos vão-se acumulando em cima da mesa de Pedro Lourtie, o diplomata que António Costa escolheu para seu chefe de gabinete. Mas, como contaram à VISÃO fontes de Bruxelas, os circuitos para conseguir trabalhar no Conselho Europeu passam muitas vezes por indicações informais. E é por isso que nos últimos meses tem havido vários contactos de bastidores para indicar nomes e candidatos que tentam, através de quem conhece Costa, fazer chegar os seus currículos.
A seleção, explica uma fonte conhecedora do processo, “é sempre pela análise dos currículos, mas evidentemente que há duas dimensões: o interesse individual e o apoio do Estado-membro”. Quem tem interesse em ir para o gabinete do presidente do Conselho Europeu costuma enviar o CV e, em seguida, pedir apoio para essa candidatura à Representação Permanente do seu país junto da União Europeia, ou ao seu governo, seja através do primeiro-ministro ou presidente do governo ou de quem tutela os Negócios Estrangeiros. “Eu recebi vários pedidos”, assume uma fonte que já trabalhou com António Costa e tem muitos contactos na Europa.
Há 33 lugares para ocupar
Há muitos lugares para distribuir, porque o gabinete do presidente do Conselho Europeu pode ter até 33 pessoas, sendo 20 administradores e 13 assistentes. Não havendo regras escritas, é suposto haver um “equilíbrio regional”, como se diz em Bruxelas, estando previsto que haja pelo menos cinco nacionalidades diferentes. Quem tem acompanhado António Costa diz que a intenção do português é ter o maior número de nacionalidades possível. E não está descartado que, neste jogo de equilíbrios, mantenha alguns dos elementos que estavam no staff do seu antecessor, Charles Michel. Mesmo que os critérios de seleção técnicos sejam os mais importantes, há o lado político de garantir a representatividade dos vários Estados-membros que não pode ser descurado.
Para já, António Costa levou consigo para Bruxelas apenas três portugueses. Pedro Lourtie, que será o seu chefe de gabinete, David Oppenheimer, como chefe de gabinete adjunto e Bernardo Pires de Lima, que trabalhará como seu conselheiro político e speechwriter. Na comunicação, além da polaca Maria Tomasik, tem também uma espanhola e não é expectável que haja muitos mais portugueses na equipa.
Pedro Lourtie, foi embaixador português junto da União Europeia (UE), trabalhou como representante adjunto de Portugal na UE, entre 2016 e 2022, foi secretário de Estado dos Assuntos Europeus, de 2009 a 2011, e conselheiro político na delegação da Comissão Europeia em Washington, tendo sido também, entre 2006 e 2009, chefe de gabinete de José Sócrates. Mas nunca tinha trabalhado com Costa. “Desde o Armando Rafael, na Câmara de Lisboa, que ele escolhe sempre chefes de gabinete com quem não tem relações pessoais anteriores”, nota uma fonte próxima de António Costa.

“Pedro Lourtie é um dos melhores diplomatas portugueses. Tem uma carreira ímpar. Não seria fácil encontrar um português com um currículo semelhante”, comenta à VISÃO uma fonte diplomática, que diz que Lourtie “tem uma capacidade de trabalho e inteligência muito acima da média” e é “muito conhecido e respeitado em Bruxelas”.
David Oppenheimer também esteve em Bruxelas como assistente parlamentar no Parlamento Europeu, entre 2005 e 2010, mas estava no governo de António Costa, onde era seu assessor diplomático. Oppenheimer era quem já acompanhava Costa no seu relacionamento com os outros chefes de Estado europeus e foi uma das peças-chave da campanha, responsável por levar o português à presidência do Conselho Europeu.
Já o analista de política internacional (e até há pouco tempo colunista da VISÃO) e até agora conselheiro do Presidente da República, Bernardo Pires de Lima, não tinha até ao presente nenhuma relação especial com António Costa e ficará com a tarefa de acompanhar think tanks e universidades, para antecipar a discussão de temas internacionais. “É uma equipa de luxo. Não imagino três portugueses melhores que estes”, observa à VISÃO um embaixador português.
Lourtie, Oppenheimer e Pires de Lima estão a instalar-se agora em Bruxelas, mas António Costa já arranjou casa há meses na capital belga, de onde tem saído para uma verdadeira tournée pelos 27. A primeira escala dessa tour foi em Roma, logo no dia 22 de julho, numa visita à primeira-ministra Giorgia Meloni. A italiana foi a única a votar contra António Costa para o Conselho Europeu, como forma de pressão para conseguir um lugar de peso para Itália na Comissão Europeia (coisa que conseguiu com a atribuição de uma vice-presidência). E foi precisamente por causa desse voto contra que Costa começou esta ronda de visitas por Meloni.
Desde então, já fez 25 viagens para encontros com primeiros-ministros e Presidentes europeus. E teve o cuidado de visitar o húngaro Viktor Orbán, com quem tem boa relação pessoal apesar da distância política, ainda antes do espanhol Pedro Sánchez, embora sejam da mesma família política. De resto, Costa terá essencialmente de lidar com líderes da direita e da extrema-direita. Os sociais-democratas europeus só governam em quatro países: Dinamarca, Espanha, Malta e Alemanha, sendo que as eleições antecipadas alemãs podem fazer encolher ainda mais o centro-esquerda no continente.
Os desafios de Costa
Ainda assim, Margarida Marques, que foi secretária de Estado dos Assuntos Europeus de António Costa, diz que há uma divisão que ultrapassa a esquerda e a direita na Europa e que pode ser um desafio ainda maior para o novo presidente do Conselho Europeu, “a clivagem entre partidos pró-europeus e antieuropeus, que é o mais divisivo”. E aí Orbán pode ser uma dor de cabeça maior do que Meloni.
Outro desafio que Margarida Marques identifica para este mandato é o de “recentrar o equilíbrio institucional” do Conselho Europeu. Fruto da má relação entre Charles Michel e Ursula von der Leyen e da forma como a alemã concentrou poder, a Comissão Europeia assumiu mais centralidade do que lhe dão os tratados. E Margarida Marques acha que caberá a António Costa reequilibrar isso. Uma tarefa que talvez não seja um problema, dada a excelente relação entre Costa e Von der Leyen, que se habituaram a falar semanalmente durante a Presidência portuguesa da União Europeia e que terão agora reuniões de 15 em 15 dias em Bruxelas. “Costa tem todas as condições para fazer esse recentramento do equilíbrio institucional sem conflituar com Von der Leyen”, acredita a também ex-eurodeputada socialista.
António Costa, segundo fonte oficial do seu gabinete, só anunciará as prioridades para este seu mandato de dois anos e meio “na tomada de posse”, no dia 1 de dezembro. Mas Margarida Marques antecipa que, com o escalar da guerra na Ucrânia e a crescente tensão no Médio Oriente, o tema da integração europeia em matéria de Defesa esteja no topo da agenda. “António Costa precisa de saber até onde os Estados estão dispostos a ir em matéria de Defesa, mas também no combate às alterações climáticas (em que há uma tentação de reduzir o investimento) e no calendário do alargamento da União Europeia.”
Para que os temas sejam decididos em Conselho Europeu, esse trabalho de preparação prévia, percebendo a margem de manobra de cada país e tentando conjugar esforços políticos, é essencial. Em Bruxelas, não falta quem ache que Charles Michel nunca cumpriu bem esse papel. Agora, aposta-se tudo nas competências de negociação e trabalho de Costa para que avancem algumas matérias sensíveis como a criação de uma nova arquitetura para o Orçamento Europeu, que contemple os impactos do alargamento.

Tanto o alargamento a leste como o aumento do investimento europeu em Defesa podem ter consequências nos fundos de coesão, afetando negativamente Portugal. Mas até que ponto poderá aí ter influência o facto de António Costa ser português? “Gostamos de dizer que em Bruxelas perdemos a nacionalidade. Os interesses têm de ser defendidos pelo primeiro-ministro Luís Montenegro. Mas Costa pode ajudar na procura de consensos e compromissos. Ele sabe fazer isso sem correr riscos”, responde Margarida Marques.
Donald Trump, com quem é previsível que passe a encontrar-se com alguma regularidade, pode ser outro dos grandes desafios de Costa, tanto em matéria de Defesa como de comércio internacional, com Trump a prometer aumentar tarifas nas importações. Será a Comissão Europeia a negociar um acordo de comércio internacional com Trump, mas Costa terá um papel nisso, uma vez que a Comissão agirá sob o mandato que lhe for atribuído pelo Conselho Europeu.
Para já e até dia 1 de dezembro, António Costa tem estado a receber a pasta de Charles Michel, que não lhe poupa elogios, tendo-se referido ao português, em declarações à Lusa, como “muito experiente”.
A primeira cimeira do Conselho Europeu da era Costa está marcada para os dias 19 e 20 de dezembro e deve ter na agenda a Ucrânia, o Médio Oriente e a competitividade económica.
Os trabalhos de Costa
As tarefas para um hábil negociador
Um mandato de dois anos e meio, que pode ser renovável até cinco
Ser um socialista em minoria: só quatro dos 27 países da União Europeia são governados por líderes da sua família política. Costa terá de fazer equilíbrios, com direita e extrema-direita
Tarefas difíceis: a nova arquitetura do orçamento europeu, o desafio da integração europeia em matéria de Defesa e o calendário do alargamento são temas sensíveis
Terá de lidar muito de perto com Donald Trump, que representa desafios complicados em matéria de Defesa e comércio internacional
O primeiro Conselho Europeu terá como temas a Ucrânia, o Médio Oriente e a competitividade económica
Operações de charme: desde julho, já visitou quase todos os chefes de Estado e de governo da UE. Começou por Giorgia Meloni, a única a votar contra o seu nome
António Costa e Viktor Orbán têm uma boa relação pessoal, mas a atitude de provocação e chantagem do húngaro face às instituições europeias pode ser uma dor de cabeça











