Vale a pena regressarmos ao tema do alargamento da União Europeia a leste e aos Balcãs ocidentais, aqui trazido na última crónica, até pela crise política que Portugal atravessa.
Na passada semana, trouxe algumas questões com impactos vários no futuro próximo do concerto europeu e, necessariamente, na posição de Portugal em defesa dos seus interesses. Levantei a vantagem de um alargamento do mercado interno, de novas oportunidades para o investimento e para a mobilidade laboral. Vantagem acompanhada por um novo valor agregado na competição global por matérias-primas críticas à transição energética e tecnológica, pelas novas geografias acolhidas, também elas com infraestruturas estratégicas e acesso a rotas comerciais relevantes. Apontei para os efeitos, sobretudo da adesão da Ucrânia, na reafetação de recursos orçamentais na agricultura e na coesão, obrigando a ajustamentos que afetarão Portugal, o que implica sermos capazes de executar, dentro dos calendários e com impacto na vida das pessoas, as verbas que o PRR e o PT2030 disponibilizam. Referi, ainda, os impactos que um ambiente bipolar sino-americano, assente numa acesa competição por recursos, poder e influência, tem no espaço de manobra tradicional de Portugal, enquanto plataforma internacional entre Estados, organizações e continentes, o que nos deve levar a fórmulas diplomáticas criativas para preservarmos os nossos interesses e valores, acompanhando os novos eixos estratégicos na Europa e as dinâmicas aceleradas no sistema internacional e na globalização económica. Por fim, deixei o alerta de acomodarmos o alargamento a países ocupados por tropas russas a uma cláusula de defesa mútua da UE que não se assemelha à dissuasão proporcionada pelo artigo 5º da NATO, o que pode ser aproveitado por Moscovo num contexto em que uma administração Trump se desligue da segurança europeia e onde não asseguremos uma coordenação forte com o Reino Unido.