O alargamento tem sido uma das estratégias de maior sucesso da União Europeia. É, a seguir à paz alcançada entre as principais potências, a mais importante conquista política da Europa ao longo da História. Integrar novos países que, por decisão soberana, decidem alinhar os seus quadros constitucionais, valores políticos, tecido económico, princípios democráticos, com um todo partilhado de regras subsidiárias, tem, grosso modo, funcionado em benefício de todos. Esta espécie de império benigno da lei tem também sido um dos mais interessantes contributos da UE para a história das relações internacionais, processo bem analisado por Jan Zielonka no seu Europe as Empire.
Hoje, à beira da aceleração de um novo alargamento a, talvez, mais nove Estados com alguns dilemas internos semelhantes, mas também contextos nacionais distintos (seis dos Balcãs ocidentais, a Ucrânia, a Moldova e a Geórgia), vale a pena levantar algumas questões que inevitavelmente teremos de discutir, naquilo que será uma das maiores transformações políticas na Europa do pós-guerra, já em arranjo institucional evidente, numa lógica de círculos dialogantes entre uma Comunidade Política Europeia (com convergência geopolítica e acordos bilaterais com a UE), acordos de associação (com respeito por regras comunitárias, centrados no mercado único mas sem necessidade de aprofundamento na relação), membros de pleno direito da UE fora da Zona Euro, mas cumprindo com rigor as regras dos Tratados, e membros de pleno direito da UE dentro da Zona Euro, cumprindo igualmente com rigor os Tratados. Portugal deve continuar a estar neste núcleo duro da integração.