A questão do aumento dos salários em Portugal é um tema complexo e multifacetado, que envolve diversas variáveis e fatores. No entanto, é importante analisar esta questão de forma objetiva e baseada em evidências, afastando-nos de ideologias e dogmatismos.
É verdade que a esquerda reivindica aumentos salariais por decreto, obrigando as empresas a pagar mais sem qualquer consideração pelas forças de mercado. No entanto, esta abordagem é ingénua e irrealista. A economia é um sistema complexo, sujeito a diversas forças e influências, e o trabalho, numa análise que pode parecer crua e fria, mas que também é aquela que nos permite desenhar políticas que realmente funcionam e vão no interesse dos trabalhadores, é um bem transacionável como qualquer outro, que segue as leis da oferta e da procura.
Portanto, é importante entender que o aumento dos salários não é algo que possa ser imposto pelo Estado de forma arbitrária, mas sim um processo que depende de uma série de fatores que afetam a oferta e a procura de trabalho.
Uma das principais formas de aumentar os salários em Portugal é investir na qualificação da população. Quanto mais qualificados forem os trabalhadores, mais valorizados serão no mercado, o que pode levar a um aumento dos seus salários. Nesse sentido, é fundamental apostar na educação e na formação profissional, garantindo que os trabalhadores portugueses estejam equipados com as competências necessárias para competir num mercado de trabalho cada vez mais globalizado e exigente. Portugal parte de um grave atraso no que toca à educação básica e superior quando comparado com países de dimensão comparável de leste, o que confere à flexibilidade, independência e autonomia das instituições de ensino ainda mais relevância no seu papel de encontrar novas formas de ensino e de desenvolvimento integral da pessoa, assim como à concorrência entre escolas e universidades para terem os incentivos certos em proporcionar um serviço de qualidade.
Outra forma de aumentar os salários é através da redução dos impostos sobre o trabalho. Impostos elevados sobre os salários reduzem o rendimento líquido dos trabalhadores, o que afeta negativamente a sua capacidade de consumir e poupar. Ao reduzir os impostos sobre o trabalho, o Estado pode, por um lado, incentivar as empresas a oferecer salários mais elevados aos seus trabalhadores, e por outro, estimular os próprios trabalhadores a procurar um emprego melhor (ou procurar um emprego de todo), subir na carreira, estimulando assim a economia e aumentando o poder de compra.
A política de imigração também pode ter um impacto positivo nos salários em Portugal. Ao atrair trabalhadores qualificados de outros países, o mercado de trabalho torna-se mais competitivo, o que pode levar a um aumento dos salários. Além disso, os trabalhadores imigrantes também podem trazer consigo novas ideias, conhecimentos e habilidades, contribuindo para o desenvolvimento económico do País.
A concorrência entre empresas é a forma mais importante de aumentar os salários em Portugal. Quando há várias empresas a competir por trabalhadores qualificados, essas empresas têm de oferecer salários mais elevados para atrair e reter esses trabalhadores. Portanto, é fundamental criar um ambiente favorável à criação e ao crescimento de empresas competitivas em Portugal, incentivando a inovação, a criatividade e a eficiência empresarial.
Por último, é importante não penalizar as empresas pelo seu tamanho ou lucro. As empresas grandes e lucrativas são muitas vezes aquelas que têm maior capacidade para pagar salários elevados, uma vez que têm mais recursos financeiros disponíveis. Portanto, não é sensato penalizar as empresas por serem eficientes, uma vez que isso pode prejudicar a sua capacidade de criar empregos e aumentar os salários dos seus trabalhadores.
Em resumo, aumentar os salários em Portugal é um processo complexo que depende de uma série de fatores, incluindo a qualificação da população, a redução de impostos sobre o trabalho, a política de imigração, a concorrência entre empresas e a não penalização das empresas pelo seu tamanho ou lucro. É fundamental que o Estado crie um ambiente favorável ao desenvolvimento económico e à criação de empregos, incentivando a inovação e a eficiência empresarial. A política de aumento salarial por decreto ou por ordem do governo não funciona e cria redes de dependência e clientelas políticas. Em vez disso, é necessário adotar políticas que incentivem o crescimento e a competitividade empresarial, a qualificação dos trabalhadores e a atração de talentos de outros países. Só assim será possível criar um ambiente propício ao aumento dos salários e ao desenvolvimento económico sustentável em Portugal.
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