Na história da Humanidade são incontáveis os conflitos e guerras. A humanidade fez o seu caminho e após dois conflitos de proporções mundiais, que trouxeram incontável destruição e sofrimento, foi possível conceber a paz como um direito inalienável dos povos e indispensável ao seu desenvolvimento e progresso.
Não é que tenha deixado de haver conflitos, e os povos da Palestina, Coreia, Vietname, Afeganistão, Jugoslávia, Iraque, Líbia, Síria, Iémen, Somália e tantos outros têm não só memória como ainda um presente de agressão.
Mas a luta pela paz ganhou uma forte expressão, quer graças à heróica resistência por parte destes povos perante as mais severas agressões, chantagens e bloqueios, quer pela força dos muitos movimentos de massas que se levantaram em defesa da paz, nas quais a juventude tomou sempre a dianteira, com a sua entrega, disponibilidade e criatividade, recordando como exemplo, aqui no nosso país, as manifestações em solidariedade com Timor -leste.
O conflito que se regista no leste europeu desde 2014, tal como outros em outras partes do globo, é resultado de uma política de promoção de tensão e confrontação levada a cabo por aqueles que nunca defenderam a paz pois nela não veem lucro.
Como afirmaram e continuam a afirmar os defensores da paz, quem lucra com a guerra não quer a paz.
Após a segunda guerra mundial foi possível alcançar diversos acordos que iam no sentido do desarmamento, de aliviar as tensões e da resolução pacífica dos conflitos. Mas como forma de saída para o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo e perante a agudização das suas insanáveis contradições, os EUA apostaram na expansão da indústria do armamento desenvolvendo o seu complexo militar industrial.
Os EUA são hoje responsáveis pela maior fatia de despesa com gastos militares e, se somados os gastos da NATO e seus aliados, aponta-se para 2/3 dos gastos mundiais.
Mas os senhores da guerra não dominam somente o negócio das armas, também controlam a narrativa instalada, definem os temas do dia e os parâmetros em que podem ser discutidos, transmitindo em directo pelas televisões o sofrimento de alguns e silenciando criminosamente o de outros.
A ideologia dominante é a da classe dominante, e a guerra a sua praxis.
Apresentam o caminho que levou a esta guerra como solução: mais belicismo, mais orçamento para a defesa e a militarização; a Alemanha anunciou a sua remilitarização, e em Portugal, país onde não é possível (ou não há vontade) definir 1% do Orçamento do Estado para a cultura é agora prometido o dobro para a guerra. Mais expansão da NATO, das suas bases e dos seus exercícios ofensivos, como quem tenta apagar um fogo com gasolina, apontando as baterias todas para uma escalada militar que só encontra paralelo no período pré-segunda guerra mundial.
E claro, mais sansões, essa moderna forma de agressão, que segundo os responsáveis é menos letal, condenando os povos, os trabalhadores e a juventude às mais severas dificuldades e privações, deteriorando as suas condições de vida.
Hoje estamos perante uma confrontação que não serve aos povos da Ucrânia nem da Rússia, não serve aos povos da Europa. A dor que sentem todos os jovens reclama a nossa solidariedade. É preciso parar a guerra e avançar para um diálogo capaz de uma solução política.
É necessário dizer não à guerra e afirmar que é preciso dar uma oportunidade à paz, tal como apontam os princípios da Carta da ONU e a Constituição da Républica Portuguesa e defender o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político militares e um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
Dar uma oportunidade à Paz é dar uma oportunidade a todos os jovens que em todo o mundo ainda vivem e crescem num clima de conflito, sem acesso aos direitos mais básicos, como habitação, saúde, educação ou trabalho. Que veem amputados os seus sonhos e aspirações de crescerem no seu país com momentos de lazer e cultura, de estar com os seus amigos e família, de se emanciparem e serem felizes. Dar uma oportunidade à Paz é dar uma oportunidade a milhões de jovens de crescerem saudáveis e felizes no seu país, longe do medo e do horror da guerra.
O que serve aos povos e à juventude é a paz e a cooperação, que não é feita a partir de mais armas, violência e cortes de direitos fundamentais, mas sim pela solidariedade e mecanismos de diálogo que garantam o estabelecimento de um clima de paz.
Porque a paz não é uma utopia ou inalcançável, é uma exigência do presente e do futuro.
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