A juventude encontra-se hoje perante uma série de dificuldades resultantes de décadas de política de direita de PS, PSD e CDS, que distanciaram a realidade vivida por muitos do texto constitucional que consagra amplos direitos nos domínios económico, social e cultural, e uma proteção especial aos jovens. Todavia, com a participação, organização e luta da juventude é possível transformar a sociedade, como foi possível reduzir o valor das propinas, assegurar a gratuitidade dos manuais escolares, aumentar o salário mínimo, conquistar o passe social, é possível uma vida melhor.
Os jovens não estão condenados a uma vida de instabilidade e pobreza, de precariedade dos contratos de trabalho que não permitem planear a vida para lá de três ou seis meses, ou mesmo de uns poucos dias, de baixos salários que, aliados a elevadas rendas praticadas, adiam a autonomização da juventude, dos horários desregulados e turnos rotativos que negam tempo para lazer, descanso, família, namorar, cultura, desporto e tantas outras dimensões da vida que permitem a realização individual e coletiva de todos.
A Constituição da República Portuguesa consagra um conjunto de direitos em diversos domínios da vida que, ao serem concretizados, significariam uma decisiva melhoria das condições de vida de muitos jovens.
O direito aos mais elevados graus de ensino, que contrasta com todos os custos com que estudantes estão confrontados no Ensino Superior, desde as propinas a taxas e emolumentos, juntamente com os preços excessivos das rendas e a insuficiência de residências universitárias, que afastam milhares de jovens das universidades.
O direito à fruição e produção cultural, negado a muitos pela precaridade em que se encontram os profissionais da cultura e pela política de sucessivos governos e gestão autárquica que entrega espaços e equipamentos de cultura aos negócios privados.
O direito que assegura aos jovens uma proteção especial para efetivação dos seus direitos, alguns aqui já referidos, mas em especial à procura do primeiro emprego, em rota oposta às sucessivas revisões da legislação laboral que introduziram normas gravosas para os trabalhadores, como o alargamento do período experimental para 180 dias, em que durante 6 meses os jovens trabalhadores estão desprotegidos e com muitos dos seus direitos negados.
Mas se é a política de direita que afasta a realidade vivida do projeto de sociedade consagrado na CRP, então o que é que aproxima? A resposta é a luta.
A nossa Constituição, e os direitos nela consagrados, emanam da revolução de abril, da luta de décadas do povo português contra o fascismo, e todos os avanços que ficaram inscritos no texto constitucional são resultado disso, não foram oferecidos pelo poder dominante, mas alcançados pela luta corajosa, combativa e organizada dos trabalhadores e da juventude.
A luta é necessária e decisiva, porque será ela e a força que dela emana que determina a evolução dos acontecimentos.
Nas escolas, faculdades e locais de trabalho a luta empenhada e criativa da juventude, aliada à intervenção e ação decisiva da JCP e do PCP, permite combater as políticas que visam a destruição dos direitos económicos, sociais e culturais e assegurar novos avanços, desiludindo os que nos convidam a cair no conformismo das inevitabilidades.
A luta conquistou o passe intermodal (famílias que pagavam mais de uma centena de euros passaram a pagar 40 euros), obrigou à contratação de mais funcionários para a escola pública e ao início de obras em muitas escolas e conseguiu a redução de alunos por turma, alcançou a redução da propina depois de décadas a subir, levou o Tribunal Constitucional a declarar parcialmente inconstitucional o alargamento do período experimental para 180 dias, permitiu o aumento do salário mínimo.
É necessário ir mais longe, é possível ir mais longe, dando mais força à luta, pois é através da luta que se vai construir a alternativa que o país precisa e o PCP propõe, uma alternativa patriótica de esquerda, que mais do que promessas, crie as condições objetivas para que a juventude tenha uma vida plena e atinja a felicidade.
Não aceitamos um sistema que assenta na cruel ideia de que tudo se vende e tudo se compra, não nos conformamos com a condenação que o capitalismo é o fim da história, por mais verde e humano que o preguem, e por isso cá estamos para travar a luta de todos os dias, consequente e organizada, por uma vida melhor.
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