Donald Trump nasceu no sítio errado. E na família desacertada. Pena. É o presidente que sempre quis ser rei. Igual a Carlos III — fascinado pelos números romanos, que o encantam. Donald I, é assim que se imagina. Gravado numa moeda de um dólar. A mesma que vai assinalar os 250 anos da independência. Pouco a pouco, com passo seguro, vai acumulando os símbolos da realeza.
Mas não chega. Quer a pompa de Londres, os palácios, as carroças de ouro e prata, os cavalos enfeitados, os uniformes de gala. Um fascínio sem medida. Inveja pura. Na Casa Branca, os Serviços Secretos servem para proteger, mas não dão para desfile. Falta o brilho. Falta a circunstância. E sem circunstância não há realeza.
O problema é a Constituição. E as adendas. Um rei não se elege, herda. Um rei nunca morre. E uma dinastia é para durar séculos. Para Trump, a chatice está em eleições de quatro em quatro anos, em Congressos a limitar poderes, em câmaras a vigiar o presidente. Muito mais simples transformar a Câmara dos Representantes na Casa do Povo e o Senado na Casa dos Lordes. Já em 2028.
Trump já mandou erguer o seu próprio palácio. A Casa Branca é pequena. Não é suficiente. Precisa de uma ala lateral, uma sala do trono, espaço para bailes, com oitocentos súbditos de gala e convidados de outras Casas Reais. Tudo pensado, sem barulho. E ninguém dá por nada. Porque Trump já é, no fundo, o monarca do MAGA. E quando a coroa assentar, o brasão dirá: «Eu e Deus».