Não há como fingir, esquecer ou apagar: a maioria dos americanos decidiu mudar a liderança do país, de uma assentada. Terão um presidente, um Senado e uma Câmara dos Representantes republicanos. Todos no mesmo pote, ou caldeirão. Não foi uma mudança tangencial, por sorte ou improvável. Foi um desejo votado.
Os democratas ainda estão a viver a noite das facas longas, com trocas de acusações e traições, e ninguém escapa imune, nem sequer o presidente Biden, o que é ridículo, diga-se. Biden foi empurrado à força, colocado numa posição constrangedora, o que reforçou ainda mais a visível degradação física e mental. “Se tivesse sido mais cedo”, dizem. Devem estar a brincar com os eleitores. Cedo ou tarde, Trump venceria qualquer candidato democrata. Os resultados não mentem: maior votação nacional, 312 membros do Colégio Eleitoral, maioria no Senado e uma vitória quase certa na Câmara dos Representantes.
O “antes cedo do que tarde” não coincide com a vontade eleitoral, que agora tem de ser respeitada. Para quem não concordar, daqui a dois anos poderá inverter o comando do Congresso, o que não seria uma má ideia. Ali reside o Governo da Nação, e tudo da mesma cor só faria sentido com um Reagan na Casa Branca, como aconteceu.
No último mandato, os presidentes americanos tendem a ponderar e agir de acordo com o que desejam fazer para ficar na História americana e mundial. Alguns conseguiram, poucos, enquanto a maioria desapareceu na fogueira das vaidades de um segundo mandato na Casa Branca. Trump já deu um sinal: ao nomear Susie Wiles para chefe de gabinete (uma verdadeira função de primeiro-ministro), de 67 anos, a fazer lembrar Thatcher, até no penteado, o presidente eleito quer pôr ordem no seu permanente caos organizativo e executivo, e tentar ser menos errático e incoerente. Isto sim, antes tarde do que nunca.
MAIS ARTIGOS DESTE AUTOR
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.