O Serviço de Informações de Segurança (SIS), apesar do nome pomposo, faz e trata de coisas corriqueiras. Banalidades, por isso. Tarefas sem importância. Foi como o primeiro-ministro viu a atuação da secreta no caso do computador. É capaz de ter razão. Se o SIS não tem nenhuma importância, então para que serve o Serviço de Informações da República (SIRP)?
Para arrumar com o assunto, antes do debate parlamentar, o PM não encontrou nenhuma contradição no que disse sobre o tema, porque na realidade não fazia a mais pequena ideia do que aconteceu. Foi informado de madrugada por João Galamba, que garantiu estar tudo tratado, e resolvido. Foi para o lado que melhor dormiu.
Interessante, mesmo, seria especular sobre o que faria o agente secreto se o ex-adjunto não tivesse vergado ao «vamos lá resolver isto para não haver chatices!!» Invadia a casa? Dava ordem de prisão? Levava Frederico Pinheiro para os calabouços? Aplicava-lhe os métodos da CIA? Recorria ao «waterboarding»? Ou ficava-se por uma carga de pancada? Ou só uns chapadões?
E que faria o SIRP, já agora? Sentia-se desautorizado? Chamava o SIED? Pedia ajuda aos serviços secretos espanhóis? Ou americanos? Ou russos? Em boa verdade, e num outro dia, o ex-adjunto deveria ter mandado o agente secreto passear. Tudo ficaria resolvido. Nem o SIS seria banalizado, nem o SIRP vulgarizado. Há, apesar de tudo, uma notícia tranquilizadora para os portugueses: em caso de roubo chamem o SIS, ou o SIRP, para dar descanso à PSP, GNR, e PJ. Eles tratam de tudo em segredo.
A propósito: o DNI, o diretor da CIA, e todos os outros das quase duas dezenas de agências secretas dos EUA são regularmente inquiridos pelo Congresso, em sessões abertas e fechadas. É mandatório, e geralmente são apertados até ao limite. Não vale a pena defender que o nosso Parlamento não deve inquirir a secretária-geral do SIRP, nem o diretor do SIS. Era o que faltava.
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