Falta tudo a Carlos Moedas. E o tempo está a esgotar-se. É muito curioso como Moedas e Medina têm estilos e atitudes muito parecidas: são ambos reservados, não gostam de agitar, e dão sempre uma imagem de grande tranquilidade. Sendo políticos com uma imagem semelhante, Moedas, que é o candidato a tirar Medina, é obrigado a marcar fortemente a diferença política, em primeiro lugar, e a de gestão para a cidade. Não conseguiu, até agora.
Mais do que o estilo e a forma de gestão da CML, Carlos Moedas tem de assumir a candidatura como um combate político direto, com implicações nacionais, e com todas as diferenças que possam levar os eleitores a não votar em Medina. Mais do que ganhar, o candidato do PSD tem de fazer tudo para que Medina perca as eleições. É isso que está em causa, é essa alternância de poder que se joga.
A luta política pela CML é decisiva na afirmação nacional de um partido. O pântano de António Guterres começou nas autárquicas, quando o PS perdeu Lisboa e Porto, e foi a rampa que deu acesso a Durão Barroso para chegar a primeiro-ministro. Da CML já saiu um Presidente da República, e dois primeiros-ministros.
Não há, por isso, caminhos alternativos para Carlos Moedas. Se a ideia é focar-se apenas nos pequenos e grandes problemas da cidade, então deveria ter concorrido a outra autarquia, ou a nenhuma. Esse é o caminho que Fernando Medina quer que Moedas siga. Mas não é o caminho para a vitória.
A mudança, que não é ganhar, mas fazer perder, só acontecerá se a disputa assumir um peso político nacional decisivo. Moedas tem de fazer as vezes de Rui Rio, mas não o que conhecemos e que gostaria muito de se entender com o PS. Tem de ser a alternativa, e extrapolar as ideias e as bandeiras eleitorais para um nível nacional, como se estivesse, ali, a decidir quem vai ser chefe do Governo. E como é fácil fazer isso. Mesmo em apenas três meses.