Vivemos num tempo em que a nossa rotina está cada vez mais digitalizada — e não, não estamos a falar apenas das redes sociais. Do banco à lista de compras, da consulta médica à forma como pedimos o jantar, o estilo de vida contemporâneo está moldado por soluções tecnológicas que prometem (e cumprem) uma coisa: mais praticidade e rapidez. Hoje, aquilo que não existe online tende a ficar fora do radar da sociedade. E a restauração não escapa a esta lógica. Se o consumidor está online, o restaurante tem de estar também, não apenas com uma presença digital, mas com um canal de venda ajustado aos novos hábitos de consumo.
As plataformas de entrega de comida surgiram, assim, como uma resposta natural a esta transformação para ajudar estas – não esqueçamos – pequenas empresas. Mais do que um serviço de conveniência, tornaram-se parte estratégica do crescimento para os restaurantes. Estar presente numa aplicação de entrega já não é apenas uma forma de “acompanhar a tendência” — é, muitas vezes, o que separa um negócio competitivo de um negócio invisível.
Uma das principais vantagens para os restaurantes prende-se com a expansão imediata do seu alcance. Estas plataformas permitem ultrapassar as barreiras físicas do espaço e chegar a públicos que, de outra forma, dificilmente poderiam chegar a conhecer ou frequentar o restaurante. Dados recentes da Deliverect deste ano, inclusive, mostram que os restaurantes que aderem a plataformas de entrega registam em média um aumento de 25% nas suas receitas, podendo esse valor superar os 40% no primeiro ano. Este impacto revela-se especialmente relevante num setor que, ao recorrer a plataformas de entrega, elimina os custos fixos inerentes à gestão de uma operação de entregas própria.
Nesta linha, de acordo com o mesmo estudo, os pedidos via aplicação são, em média, 32% mais altos em termos de valor médio de consumo. Este facto explica-se com o facto de a experiência digital facilitar a exploração de menus, incentivar a escolha de extras complementares e promover a personalização, tudo num ambiente pensado para maximizar o conforto e a tentação ao consumo.
Mas os benefícios vão para além das vendas. A presença nas plataformas de entrega tem levado muitos restaurantes a rever os seus processos operacionais, tornando-os mais eficientes. Desde a criação de embalagens que garantem a qualidade e conserva de comida, até à adaptação dos menus à lógica da entrega, a integração digital incentiva à inovação. Mais ainda, os dados obtidos através das plataformas permitem a estes negócios entender melhor os seus clientes — saber o que compram, quando compram, quanto gastam — e com isso ajustar inclusive estratégias de comunicação, marketing e, consequentemente, a fidelização do público.
No final do dia, esta verdadeira sinergia representa uma resposta que se coaduna aos tempos que vivemos. É uma questão de manter a relevância num mercado onde o consumidor está mais exigente, mais digital e mais rápido nas escolhas. As plataformas não substituem a experiência de sair para ir comer fora, mas oferecem uma alternativa ajustada ao ritmo da vida moderna.
Num mundo onde a visibilidade é sinónimo de presença digital, estar fora das plataformas é, em alguma extensão, estar fora do mapa. Para os restaurantes, o futuro passa por abraçar esta realidade — não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de reinvenção.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.