Ainda que a nossa economia esteja a ter um comportamento muito bom face aos terríveis problemas que a inflação e a guerra trouxeram, apesar de o desemprego estar em níveis historicamente baixos, de as nossas exportações atingirem recordes constantes e de a descida da pobreza estar a ser muito significativa, vivemos uma crise política profunda. Não, não é nem por causa das lutas dos professores nem por causa dos problemas no Serviço Nacional de Saúde, só para dar dois exemplos, aliás recorrentes. Estas, como outras lutas por melhores condições laborais, melhor saúde, mais direitos, são normais e não definem crises políticas.
O mesmo se podia dizer do nosso descontentamento por vivermos num País pobre e em que as pessoas ganham muito mal, em que a desigualdade é chocante, e com uma emigração que leva os nossos jovens às dezenas de milhares. Digamos que estas nossas questões endémicas não se resolvem nem em uma nem em duas gerações e que não houve, de repente, um sobressalto revolucionário na nossa comunidade.
