Há erros que se pagam caro. E há mais de um ano que António Costa tem andado a pagar caro a sua decisão de ter formado um governo demasiado fechado nos equilíbrios internos do Partido Socialista, com um núcleo duro dividido entre os seus possíveis delfins. O resultado está à vista. Aquele que, em teoria, pretendia ser um governo coeso, de grande habilidade política e repleto de políticos fogosos, desejosos de “mostrar serviço”, transformou-se, afinal, naquilo que vemos hoje, todos os dias: um executivo sem alento nem brilho, descoordenado e em que, ainda por cima, os “incêndios” deflagram de forma incontrolável, sempre que o “chefe” se ausenta – foi assim com Pedro Nuno Santos e agora com João Galamba.
Mesmo que, nos últimos meses, alguns “casos” não passassem de “casinhos” – e embora certos “casinhos” merecessem ser muito mais do que “casos”… –, a imagem do Governo está já irremediavelmente desgastada. E as várias sessões da comissão parlamentar de inquérito à TAP têm sido de uma eloquência quase patética, ao revelarem as inúmeras trapalhadas, joguinhos de bastidores, meias-verdades e mentiras completas, em que se embrenham alguns gabinetes ministeriais – e onde, mais do que uma oposição sem programa nem rumo, o principal beneficiado acaba por ser Ricardo Araújo Pereira, sempre com material de sobra para o seu programa de humor.