Chega ao fim um longo reinado: abacate, abrunho e a pêra-francesa deixaram de formar a combinação de sabores mais popular entre os portugueses, sendo substituídos por limão, framboesa e chocolate. Marcelo Rebelo de Sousa protagonizou a maior campanha publicitária jamais vista no mercado da geladaria em Portugal, o que, juntando aos preços absurdos praticados pela Santini, garantirá que os portugueses injectem nesta empresa quase tantos milhões como na TAP. Mal por mal, se é para apostar em companhias nacionais fundadas nos anos 40, a Santini parece-me mais sólida, mesmo trabalhando com uma matéria-prima que derrete. Quando se esperava que António Costa pudesse ficar “triste, só e abandonado, gelado”, como cantavam as tristes mascotes da Olá, o Presidente da República deixou, por agora, uma solução mais drástica no congelador. Se bem que já o abriu e fechou tantas vezes, para pegar na dissolução e a agitar no ar, que é possível que esta, a ser servida um dia, venha cheia de grumos de gelo, e com o cone todo mole. Depois de degustar o seu Santini, Marcelo Rebelo de Sousa usou o método Dina com António Costa: pegou, trincou e meteu-o (de novo) na cesta. Mas como dizem aquelas pessoas enervantes que recorrem ao “como se diz na minha terra”, como se diz na minha terra, até ao lavar dos cestos é vindima. E por vindima entenda-se comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, um terreno que não só já deu uvas como promete continuar a dar frutos… nem que seja mais gente a andar à pêra, por causa de um computador.
Provavelmente um daqueles da maçãzinha. Esta semana ficámos a saber que a chefe de gabinete de João Galamba, Maria Eugénia Correia, que se digladiou com o jovem Frederico Pinheiro, numa tentativa gorada de o impedir de levar o PC para casa, também tem historial com material tecnológico da antiga entidade empregadora. Consta que, ao sair da ERSAR, a actual chefe de gabinete de Galamba ficou com o computador de serviço, tendo sido contactada várias vezes pelo departamento de informática para o devolver, coisa que só viria a acontecer muitos meses depois. Para devoluções mais céleres, sugiro os serviços do SIS. São rápidos e eficazes, só não primam pela discrição. Numa altura em que a classe política é tão malvista pelos cidadãos, há que aplaudir tanto Eugénia como Frederico, profissionais empenhados, que fazem questão de levar trabalho para casa. Por outro lado, torna-se cada vez mais urgente o debate sobre a remuneração de quem dedica a vida à causa pública. Eu sabia que os ordenados não eram muito altos, não pensei é que fossem baixos ao ponto de não poderem comprar um portátil, e precisarem de abarbatar o do emprego. O próprio Marcelo Rebelo de Sousa, a continuar a esbanjar assim, em gelados de €4,30, vai acabar o mandato a tentar levar o Asus, e até os periféricos, de Belém para casa.