Vou, todos os dias, à casa nova regar as flores e as árvores que plantei. As obras ainda vão demorar, mas não quis que o jardim esperasse. Não me incomoda a meia hora de carro para cada lado. Muitas vezes, a minha mãe vai comigo. Fica sentada porque já não tem forças para me ajudar. Aconteceu assim, também, no primeiro dia da história que agora vos conto.
Até há pouco, a Albertina, a mãe do Luís, estava num lar perto da casa nova. Apesar da degradação da casa nova, o Luís improvisara no primeiro andar um quarto e um escritório, para lhe ser mais fácil ir ter com a mãe três vezes ao dia e colocar-lhe gotas no olho esquerdo que tarda em recuperar da operação a uma catarata. Ninguém no lar conseguia assegurar o tratamento, mas o oftalmologista que operou a Albertina em fevereiro continuava a acreditar – continua a acreditar, ainda – que, apesar de ela estar quase cega, parte da visão pode ainda ser recuperada. E o Luís não desiste.