No inverno passado, atormentava-se o céu no negrume das nuvens, descobri o tronco seco de uma roseira ao cortar o mato que tomara conta do terreno. Poupei-a à tesoura afiada que havia comprado na cooperativa agrícola. Talvez volte a florir, segredei-me. Por uma dúzia de euros podia comprar uma roseira nova, mas não era a mesma coisa, alguém plantara aquela há muitos anos e gosto mais da ideia de continuar histórias do que da ideia de as começar, gosto mais da fecundidade apaziguada do salvar do que da incerteza sobressaltada do gerar. O vento vergou as árvores mais frágeis, os pássaros debandaram desorientados, a luz achumbou-se sobre o mar e lembrei-me dos versos da Dulce María:
En mi jardín hay rosas: