Há pouco mais de duzentos anos, a atual praça dos Poveiros tinha o nome de largo de Santo André. Tomou esta designação de uma pequena ermida que ali existia, desde tempos remotos, e que tinha como padroeiros, os mártires Santo André e Santo Estêvão.
O sítio, que era um dos mais pitorescos do Porto antigo, ficava, naqueles tempos, nos arrabaldes da cidade. Ainda hoje prevalecem, nas imediações, topónimos que nos remetem para uma certa ruralidade. Por exemplo: beco do Arrabalde; viela do Pedregulho; rua do Campinho; largo da Ramadinha, para citar apenas os mais conhecidos.
Era nesse logradouro que em dias fixos da semana se fazia uma concorrida feira da hortaliça onde pontificavam as lavradeiras do vizinho concelho de Gondomar. Importante também era a feira da erva que ali se realizava aos sábados.
Nos finais do século XIX tudo por ali se alterou quando uma vereação da Câmara do Porto tomou a resolução de prolongar a rua da Alegria que descia das imediações do largo da Aguardente, agora praça do Marquês de Pombal, mas não passava do sítio de Malmerendas hoje rua de Alves da Veiga.
Com as alterações urbanísticas a vetusta capela foi demolida e com ela desapareceram também pequenas artérias, entre as quais figurava a pitoresca viela do Caramujo.
Já no regime republicano, em 1916, novas alterações urbanísticas foram introduzidas no pitoresco logradouro. Desapareceram a velhinha viela de Santo André, o beco dos Pardieiros, que era a continuação da rua do Campinho e é nesta altura que a vereação municipal portuense lhe dá o nome atual: praça dos Poveiros. Porquê, dos Poveiros – pergunta o leitor com toda a legitimidade. E nós respondemos: em homenagem aos pescadores da Póvoa de Varzim que viviam e trabalhavam no Brasil e que se revoltaram contar uma lei brasileira que os queria obrigar a tornarem-se cidadãos brasileiros. O nome que a cidade do Porto deu ao renovado largo de Santo André foi uma homenagem ao patriotismo dos pescadores poveiros.