Nas duas primeiras semanas de abril, Portugal esteve sob uma onda de calor que durou uma dezena de dias. As temperaturas persistentes e elevadas para a época foram registadas em cerca de metade das estações meteorológicas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Em todo o País, durante esse período, a temperatura máxima do ar esteve, quase sempre, acima do valor médio mensal, enquanto os valores de precipitação foram sempre muito inferiores ao normal. Indiferentes às consequências inerentes a estes dados meteorológicos, costumamos classificar aqueles dias sem nuvens nem chuva, mesmo fora de estação, como dias de “bom tempo”. Mas será que são mesmo bons? Faz sentido continuarmos a chamar “bom”, acriticamente, aquilo que pode ser um sinal ou um sintoma do que é mau? E, acima de tudo, será que estamos preparados para enfrentar uma sucessão tão extensa de dias com “bom tempo”? Ou vamos passar a ter saudades dos dias com “mau tempo”?
A realidade é o que é e não podemos fugir dela: ainda estamos no final de abril, mas uma grande parte do País encontra-se já em seca meteorológica. E não estamos sozinhos: em Espanha, soam também os alarmes de seca. Um pouco mais a norte, em França, a falta de água é já uma emergência nacional. E, em Paris, já há planos para preparar a cidade a enfrentar, em breve, ondas de calor e 50 ºC, e que obrigarão, nomeadamente, a reabilitar cerca de 90% dos edifícios da capital francesa.