Quando Pedro me fala de Bruno, sei mais de Pedro do que de Bruno.
A sociedade de rápida informação em que vivemos é propícia a julgamentos sumários, mais pelo que se lê sobre nós, do que pelo que se conhece de nós. A genuinidade a que se pode almejar no espaço mediático, na partilha de momentos pessoais, por vezes numa síntese de apenas 240 caracteres, fica ameaçada pela voracidade da reação, quando as palavras não saem da melhor forma e permitem que seja explorada uma ideia sobre nós totalmente contrária às mais profundas das nossas convicções. Os gritos da turba pretendem apenas que quem tem algo a dizer e um contributo diferente a dar fique calado, mas o silêncio não é opção.
Num artigo de opinião na VISÃO, Pedro Marques Lopes aproveita para cavalgar uma trend recente do imediatismo do Twitter, tecendo uma inteira crónica sobre um tweet onde, por erro meu de não ter validado as palavras que escrevi, deixei espaço a que existissem suposições e interpretações sobre a minha visão sobre a Liberdade e o Estado Novo. Para ficar já claro, é obviamente minha profunda convicção que havia muito menos liberdade durante o Estado Novo do que há hoje. Sempre disse e sempre direi “Fascismo Nunca Mais”, sempre escolherei e preferirei o pior que possa acontecer numa democracia ao que alguns possam achar de melhor em regimes totalitários, sejam eles de esquerda ou de direita. O meu pensamento político baseia-se na defesa intransigente das liberdades individuais, que o Estado Novo reprimiu com violência.
Mas o que aqui escrevo não são apenas opiniões, convicções ou divagações. Foram estes os princípios que me levaram a agir e a estar na fundação do partido Iniciativa Liberal, para defender mais Liberdade Política, Económica e Social em Portugal. Foi assim possível lembrar e afirmar a muitos portugueses que foi muito exigente conquistar a Liberdade, mas que mantê-la continuará a ser sempre um difícil dever de todos, como se viu no último ano e meio.
Nunca me ouvirão a defender qualquer espécie de regime autoritário. Podem contar sempre comigo para defender a liberdade e para chamar a atenção para as incoerências daqueles que defendem ou desculpam ideologias totalitárias do passado, enquanto aproveitam as liberdades que a democracia liberal que tanto custou a conquistar lhes oferece
Admito que não estou no grupo dos que podem responder sobre onde estavam no 25 de abril, sou dos que já nasceu e viveu em Liberdade, mas não é por isso que não posso repudiar ditaduras e ao mesmo tempo falar da história da minha família. As histórias de trabalho e superação sempre estiveram presentes na minha vida e, talvez por isso, sempre preferi as histórias onde as pessoas são os heróis principais. Foi esta circunstância que esteve na origem do tweet que publiquei. A história dos meus avós, como tantas outras histórias de pessoas que pouco tinham, que viviam num regime miserável, mas que não desistiram da esperança, quiseram ter uma vida melhor e vieram para Lisboa à procura de novas oportunidades. Um exemplo familiar de determinação e de querer mais que tem faltado na cidade de Lisboa nos últimos anos.
Uma história que continuou nos subúrbios da capital, mas que permitiu que o neto fosse o primeiro da família a tirar um curso universitário, o primeiro a trabalhar em Lisboa e o primeiro a viver em Lisboa quando pelo seu esforço conseguiu condições financeiras para o fazer. Foram também esses valores e princípios que fizerem com que o neto achasse que 70 anos depois seria mais um episódio de orgulho para a história da família a avó estar viva para o ver a ser candidato à Câmara Municipal de Lisboa, cumprindo os seus ensinamentos e o seu exemplo de nunca ter desistido da sua liberdade de querer.
Por tudo isto, nunca me ouvirão a defender qualquer espécie de regime autoritário. Podem contar sempre comigo para defender a liberdade e para chamar a atenção para as incoerências daqueles que defendem ou desculpam ideologias totalitárias do passado, enquanto aproveitam as liberdades que a democracia liberal que tanto custou a conquistar lhes oferece.
Fazer política a alimentar demónios do passado pode interessar a alguns, mas não interessa a quem quer que o país avance. A minha política é, e sempre será, de futuro. Quero uma cidade em que a Câmara não dificulte a vida a quem sonha com uma vida melhor. Quero uma cidade que não deixe ninguém para trás. Para mim, Liberdade significa poder escolher, mas também continuar a querer. A liberdade defende-se todos os dias, em todos os campos da nossa vida, e é isso que continuarei a fazer.
* Candidato da Iniciativa Liberal à Câmara Municipal de Lisboa