O convite era difícil de recusar: almoço com os amigos do Zé Manel, dono do bar Atabai, (na foto), para experimentar um prato típico da região, regado com vinho caseiro e temperado com histórias.
O almoço tinha ficado marcado para uma casa frente ao posto de correios que funciona num edifício da junta de freguesia de Barão de São João. A casa é térrea, tem um pátio interior e espaço para uma mesa comprida.
Mal entramos, ouvimos uma pergunta: “Já conhecem a Nelinha?” E logo somos encaminhados até às traseiras da casa, onde uma porca se entretém com cascas de favas. As cascas são das favas que se hão de juntar ao peixe ainda a ser frito. “Nelinha”, a porca é a protagonista de uma das histórias da tarde.
José Xavier, o dono da casa, ganhou “Nelinha” numa rifa, por um euro, era ela ainda boa para fazer leitão assado. Quando o bicho aproveitou o portão automático aberto para se escapar, foi o ai Jesus. Durante horas, José Xavier correu as ruas da aldeia e até anúncio na porta da junta deixou. Foram precisos dois homens para apanhar “Nelinha”. Foi tanto o sufoco que se aposta que ela vai morrer de velha.
Além de ser o dono da famosa “Nelinha”, José Xavier é também o maior produtor de droga do País. Pelo menos, foi o que pensaram os agentes da GNR que o detiveram em 1997. Preso por uma noite, foi já em tribunal que o homem teve de desembrulhar o equívoco. O campo era de cânhamo, sim senhor, mas as plantas iriam servir para fazer roupa, por exemplo, e a plantação tinha, até, financiamento da União Europeia.
Mas a história do pai armado em Tio Patinhas é aquela que mais diverte Ana Rita. Foi já há dez anos, tinha ela 7, mas nunca mais vai esquecer-se do dia em que o pai recebeu a primeira tranche da venda de um terreno em dinheiro. Chegou a casa e encontrou-o deitado, todo nu. Por cima, em vez de um lençol, havia notas e mais notas de 500 euros.