Esqueçamos por um pouco mais de um mês a velha história das nações ibéricas de costas voltadas, ou de espaldas como se diz por lá. Isto porque em simultâneo os dois países tentam mostrar ao vizinho o melhor de si: Portugal em Madrid, Saragoça, Sevilha e Badajoz; Espanha em Lisboa, Porto, Palmela e Coimbra. De 5 de novembro a 10 de dezembro, Portugal levará de si ao público espanhol a música de autores e intérpretes como Pedro Moutinho, Rodrigo Leão, Luísa Sobral, Lula Pena, Ana Moura, Mafalda Arnauth e Raquel Tavares. No âmbito das Artes Visuais, apresentar-se-ão as mostras Cambio de Paradigma (no Museu de Arte Contemporânea de Castela e Leão, cuja coleção será posta em confronto com a do Museu de Serralves) e uma exposição de graffitis em Badajoz sobre Simbologia Portuguesa e Espanhola.
A Literatura também estará representada com a apresentação do livro José Saramago. Un retrato Apasionado, de Baptista-Bastos, e com encontros literários com Mário de Carvalho, Jacinto Lucas Pires, Inês Pedrosa, Cristina Fernández Cubas e Luís Cardoso. Até 6 de novembro, em Barcelona, a Compañia Corcada apresentará a peça Pessoa, o que o Turista deve ver, baseada no texto de Fernando Pessoa, Lisboa, o que o turista deve ver. Em Madrid e Saragoça será apresentado um ciclo de cinema português, com filmes como 48, de Susana Dias; Cisne, de Teresa Villaverde; O Filme do Desassossego, de João Botelho; Linha Vermelha, de José Filipe; Sangue do meu Sangue, de João Canijo; Mistérios de Lisboa, de Raul Ruiz. De 21 a 25 de novembro, Sevilha acolherá o primeiro seminário do cinema português contemporâneo, com a participação de vários estudiosos e críticos que, nas universidades espanholas, analisam sistematicamente a cinematografia portuguesa.
De Espanha, com talento
A Lisboa, Espanha trará várias exposições de caráter disciplinar muito diverso como Rostos de Roma – Retratos Romanos do Museu Arqueológico Nacional. No Mosteiro dos Jerónimos, de 15 de novembro a 15 de dezembro, propõe-se uma viagem pelo retrato romano através da coleção de escultura clássica daquele museu madrileno. No Museu de Arte Antiga, até março, poderá ser visitada a exposição “Corpos de Dor – A Imagem Sagrada na Escultura Espanhola”, em que se revisita a tradição espanhola da escultura com intenção devocional.
Mais contemporânea é a proposta apresentada no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto: DOMUSae – Espaços para a Cultura, em que se apresenta uma amostra representativa de edifícios culturais da História recente de Espanha, a visitar até 29 de janeiro. A fotografia mais recente também poderá ser visitada na Sala Revólver, em Lisboa: Urbscapes – Espaços de Hibridação, no Centro Português de Fotografia, no Porto, com Fotografias que falam por si – O Fotojornalismo de Juantxu Rodríguez e Os novos valores da fotografia espanhola. No mesmo local, até 18 de dezembro, é evocado um dos pioneiros da reportagem gráfica e um dos maiores fotógrafos da História espanhola, Luis Ramón Marín (autor da foto acima reproduzida). No Instituto Cervantes, em Lisboa, mostrar-se-á até 16 de dezembro, A Cena Quotidiana, uma série de fotografias de atores, retratados por Óscar Fernández Orengo.